ATA DA NONAGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 30-10-2002.

 


Aos trinta dias do mês de outubro de dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Beto Moesch, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Ervino Besson, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Paulo Brum, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo e Sofia Cavedon. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Carlos Pestana, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Estilac Xavier, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, José Fortunati, Luiz Braz, Maria Celeste, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Raul Carrion e Valdir Caetano. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Octogésima Sétima Sessão Ordinária que, juntamente com as Atas da Octogésima Quinta e Octogésima Sexta Sessões Ordinárias, foi aprovada. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Beto Moesch, 01 Pedido de Providências; pelos Vereadores Beto Moesch, João Antonio Dib, João Carlos Nedel e Pedro Américo Leal, o Pedido de Informações n° 215/02 (Processo n° 3210/02); pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, 03 Pedidos de Providências, os Projetos de Lei do Legislativo n°s 200, 201 e 202 (Processos n°s 3185, 3211 e 3217/02, respectivamente) e os Projetos de Resolução n°s 107 e 108/02 (Processos n°s 3212 e 3224/02, respectivamente); pelo Vereador Ervino Besson, 01 Pedido de Providências, a Emenda n° 01 ao Projeto de Lei do Executivo n° 065/02 (Processo n° 3008/02) e a Emenda n° 01 ao Projeto de Lei do Executivo n° 066/02 (Processo n° 3009/02); pelo Vereador João Antonio Dib, o Pedido de Informações nº 216/02 (Processo nº 3260/02); pelo Vereador João Bosco Vaz, os Projetos de Resolução n°s 105 e 106/02 (Processos n°s 3206 e 3207/02, respectivamente); pelo Vereador João Carlos Nedel, 09 Pedidos de Providências, a Indicação n° 042/02 (Processo n° 3255/02) e o Projeto de Lei do Legislativo n° 197/02 (Processo n° 3175/02); pelo Vereador Paulo Brum, a Indicação n° 041/02 (Processo n° 3199/02); pela Vereadora Sofia Cavedon, o Projeto de Resolução n° 103/02 (Processo n° 3157/02). Na ocasião, foi apregoada a Emenda Popular n° 13, de autoria do Conselho Comunitário do Bairro Cavalhada, ao Projeto de Lei do Executivo n° 062/02 (Processo n° 3005/02). Também, foram apregoados os seguintes Ofícios, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre: de nº 661/02, solicitando autorização para ausentar-se do País do dia primeiro ao dia onze de novembro do corrente, para participar do Fórum “Governos locais Europeus pelos Direitos Globais e a Inclusão”, bem como do “III Fórum de Autoridades Locais pela Inclusão Social” e do “Fórum Social Europeu”, a serem realizados na Cidade de Florença - Itália, com percepção de diárias e passagens aéreas; de nº 666/02, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo nº 070/02 (Processo nº 3233/02); de nº 667/02, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo nº 071/02 (Processo nº 3234/02); de nº 668/02, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo nº 072/02 (Processo nº 3235/02). Ainda, foram apregoados: o Ofício nº 041/02, de autoria do Vereador Raul Carrion, solicitando autorização para representar esta Casa em evento organizado pela Prefeitura Municipal de Recife, pertinente à implementação de políticas habitacionais, a ser realizado do dia quatro ao dia sete de novembro do corrente, em Recife - PE; o Memorando nº 130/02, de autoria do Vereador João Carlos Nedel, solicitando a realização de Sessão Solene para entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Monsenhor Augusto Dalvit; Requerimento do Vereador José Fortunati, solicitando a realização de Sessão Solene para entrega do Título Honorífico Cidadão Integração de Porto Alegre ao Senhor Oscar Miguel Demaria Ferrari, Cônsul-Geral do Uruguai para os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná; Requerimento de autoria do Vereador Raul Carrion, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando o desarquivamento do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 005/01 (Processo n° 1148/01); o Substitutivo n° 01, de autoria do Vereador Raul Carrion, ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo n° 005/01 (Processo n° 1148/01). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nºs 076, 114 e 121/02, do Senhor José Pereira da Silva, Diretor do Departamento de Gestão do Fundo Nacional de Assistência Social do Ministério da Previdência e Assistência Social. A seguir, foi apregoado Requerimento da Vereadora Clênia Maranhão, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, nos dias trinta e trinta e um de outubro do corrente, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Paulinho Ruben Berta, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou o transcurso, dia vinte e oito de outubro do corrente, do aniversário do Vereador Nereu D’Avila. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, à Senhora Elisabeth Guilhon, representante da Associação de Moradores e Amigos da Beira da Free-Way, que discorreu sobre o Projeto de Lei do Executivo n° 058/02, que versa sobre a contratação de recursos financeiros internacionais destinados à recuperação estrutural urbana e ambiental do Programa Integrado Entrada da Cidade. Ainda, ressaltou que o mesmo busca favorecer a população de baixa renda residente naquele local, chamando a atenção para a relevância dos diversos programas vinculados a esse projeto e propugnando pela sua aprovação. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores João Antonio Dib, Ervino Besson, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Sofia Cavedon, Cassiá Carpes, Raul Carrion e Haroldo de Souza manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Às quatorze horas e trinta e cinco minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e trinta e sete minutos, constatada a existência de quórum. A seguir, o Senhor Presidente registrou o transcurso, hoje, do aniversário do Vereador Aldacir Oliboni. Em PAUTA ESPECIAL, Discussão Preliminar, estiveram, em 5ª Sessão, os Projetos de Lei do Executivo n°s 062, 063, 064, 065, 066 e 067/02, discutidos pelos Vereadores João Antonio Dib, Sebastião Melo, Reginaldo Pujol, Sofia Cavedon, João Carlos Nedel e Juarez Pinheiro. Na oportunidade, foi apregoado documento firmado pelo Vereador Gerson Almeida, informando a assunção de Sua Excelência ao cargo de Secretário Municipal do Meio Ambiente a partir do dia vinte e oito de outubro do corrente, tendo o Senhor Presidente informado que o Suplente Juarez Pinheiro permanece no exercício da vereança, em substituição a Sua Excelência. Após, constatada a existência de quórum, foi aprovado Requerimento verbal de autoria do Vereador Marcelo Danéris, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão e na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Sebastião Melo, abordando os resultados do processo eleitoral recém realizado no País, felicitou o Partido dos Trabalhadores pela eleição do Senhor Luís Inácio Lula da Silva ao cargo de Presidente da República. Ainda, analisou a eleição do Senhor Germano Rigotto ao cargo de Governador do Estado, em detrimento da proposta de governo defendida pelo candidato do Partido dos Trabalhadores, Senhor Tarso Genro. O Vereador Ervino Besson parabenizou os Vereadores Fernando Záchia, Estilac Xavier e Paulo Brum por terem sido eleitos para compor a Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Ainda, relatou roubos sofridos pelas Irmãs do Instituto Santa Luzia, asseverou que a entidade divide área contígua à área pertencente ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS e denunciou que a não-urbanização dessa área pertencente ao INSS propicia a ação de malfeitores. O Vereador Marcelo Danéris discorreu a respeito da vitória eleitoral do Senhor Luís Inácio Lula da Silva ao cargo de Presidente da República, afirmando que tal resultado manifesta o desejo do povo brasileiro de mudança na orientação do governo. Ainda, comentou pronunciamento oficial feito pelo Senhor Luís Inácio Lula da Silva, destacando a decisão de criar a Secretaria de Emergência Social com a finalidade de erradicar a fome e a miséria no âmbito nacional. O Vereador João Antonio Dib, saudando os vencedores na eleição recém realizada, destacou que o maior vencedor desse processo é o povo brasileiro. Ainda, afirmou que, findo o processo eleitoral, é necessário que as questões político-partidárias sejam minoradas e que se passe a planejar a ação governamental. Nesse sentido, defendeu que a busca de soluções para a governabilidade dos Estados e do País deve ter como meta o respeito mútuo entre os Poderes Executivo e Legislativo. O Vereador Luiz Braz saudou os Vereadores Fernando Záchia, Estilac Xavier e Paulo Brum, eleitos para os cargos de Deputado Estadual, e o Vereador Antonio Hohlfeldt, eleito Vice-Governador do Estado do Rio Grande do Sul. Também, saudou a eleição do Senhor Luís Inácio Lula da Silva como Presidente da República e analisou pronunciamento feito por Sua Excelência, relativamente às medidas a serem adotadas pelo Governo Federal para evadir a fome e a miséria. O Vereador Haroldo de Souza, manifestando homenagem à eleição do Senhor Luís Inácio Lula da Silva ao cargo de Presidente da República, historiou dados relativos à biografia de Sua Excelência e analisou o significado da eleição para o cargo máximo da República. Também, referindo-se ao pronunciamento feito pelo Vereador Marcelo Danéris, relativamente à escolha do Governador pelo povo rio-grandense, saudou a vitória do Senhor Germano Rigotto. O Vereador Raul Carrion enalteceu a eleição do Senhor Luís Inácio Lula da Silva para a Presidência da República, avaliando o significado histórico do fato e comentando a sua repercussão junto à comunidade internacional. Também, referiu-se às pesquisas eleitorais antecedentes ao último pleito, apontando a ocorrência de manipulação nos dados estatísticos e uma conseqüente interferência no resultado das eleições para Governador do Rio Grande do Sul. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA, tendo o Senhor Presidente prestado esclarecimentos acerca dos trabalhos da presente Sessão, face manifestação do Vereador Sebastião Melo. Em Discussão Geral e Votação Nominal, foi aprovado o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 001/02, considerando-se rejeitado o Veto Parcial a ele aposto, por dezenove votos SIM e oito votos NÃO, tendo votado Sim os Vereadores Almerindo Filho, Beto Moesch, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Ervino Besson, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Nereu D'Avila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Raul Carrion, Sebastião Melo e Paulinho Ruben Berta e Não os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Carlos Pestana, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei e Sofia Cavedon. Na ocasião, o Vereador Estilac Xavier registrou sua intenção em votar contrariamente ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 001/02, com Veto Parcial. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Decreto Legislativo nº 003/02 (Processo nº 3239/02). Foi aprovado o Requerimento nº 154/02 (Processo nº 3151/02 – Sessão Especial Comemorativa ao Dia Nacional da Polônia), de autoria do Vereador Isaac Ainhorn. Foi aprovado o Requerimento nº 155/02 (Processo nº 3198/02 – Autorização para representar esta Casa em reunião do Grupo Técnico de Telecomunicações que elabora proposta de resolução do CONAMA, a ser realizada nos dias quatro e cinco de novembro do corrente, em Brasília - DF), de autoria do Vereador Juarez Pinheiro. Foi aprovado o Requerimento nº 157/02 (Processo nº 3219/02 – Autorização para representar esta Casa no “XIV Congresso Latinoamericano de Parlamentos Municipales”, a ser realizado do dia seis ao dia nove de novembro do corrente, na Colônia do Sacramento - Uruguai, com percepção de passagens aéreas, taxa de inscrição e diárias), de autoria do Vereador Carlos Alberto Garcia. Foi aprovado o Requerimento nº 159/02 (Processo nº 3261/02 – Autorização para representar esta Casa no “XII Encontro Nacional de Entidades de Deficientes Físicos”, a ser realizado nos dias primeiro e dois de novembro do corrente, em Brasília - DF), de autoria do Vereador Paulo Brum. Foi aprovado o Requerimento nº 156/02 (Processo nº 3205/02 – Sessão Solene para entrega do Título de Cidadão Integração de Porto Alegre ao Cônsul-Geral do Uruguai para os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, Senhor Oscar Miguel Demaria Ferrari), de autoria do Vereador José Fortunati. Foi aprovado o Requerimento nº 160/02 (Processo nº 3273/02 – Grande Expediente para homenagear os dezoito anos da Associação de Jovens Empresários de Porto Alegre e os quinze anos da Federação dos Jovens Empresários do Rio Grande do Sul), de autoria dos Vereadores Beto Moesch e Paulo Brum. Foi aprovado o Requerimento nº 161/02 (Processo nº 3275/02 – Sessão Solene em homenagem ao transcurso dos vinte anos da declaração de Porto Alegre e Morano Calabro como Cidades-Irmãs), de autoria da Mesa Diretora. Na ocasião, foi apregoado Requerimento de autoria do Vereador João Carlos Nedel, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando a retirada de tramitação da Emenda nº 01, aposta ao Projeto de Lei do Executivo nº 058/02 (Processo nº 2760/02). Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 058/02, por vinte e oito votos SIM, após ser discutido pelos Vereadores Sebastião Melo, Nereu D’Avila, Luiz Braz, Carlos Pestana, Reginaldo Pujol, João Carlos Nedel, Elói Guimarães e Raul Carrion, em votação nominal solicitada pelo Vereador José Fortunati, tendo votado os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Beto Moesch, Carlos Alberto Garcia, Carlos Pestana, Cassiá Carpes, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Ervino Besson, Estilac Xavier, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, José Fortunati, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Sofia Cavedon e Paulinho Ruben Berta. Durante a apreciação do Projeto de Lei do Executivo nº 058/02, o Vereador João Antonio Dib cedeu seu tempo de discussão ao Vereador João Carlos Nedel. Às dezessete horas e trinta e nove minutos, constatada a inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores José Fortunati, Carlos Alberto Garcia e Reginaldo Pujol e secretariados pelo Vereador Paulo Brum. Do que eu, Paulo Brum, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): A Ver.ª Clênia Maranhão solicita Licença para Tratamento de Saúde no período de 30 a 31 de outubro do corrente ano. A Mesa, nos termos regimentais, declara empossado o Suplente, Ver. Paulinho da Rubem Berta, que integrará a Comissão de Defesa dos Direitos do Consumidor e Direitos Humanos. Seja bem-vindo, Vereador!

Registramos a passagem do aniversário do Ver. Nereu D’Avila no dia 28 de outubro. Vereador, receba os cumprimentos da Casa. Que V. Ex.ª continue sempre com a sua brilhante atuação parlamentar. (Palmas.)

Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

A Sr.ª Elisabeth Guilhon, representando a Associação de Moradores e Amigos da Beira da Free-Way, está com a palavra, para tratar de assunto relativo a obras de estruturação urbana e recuperação ambiental do Programa Integrado Entrada da Cidade, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

A SRA. ELISABETH GUILHON: Boa-tarde a todos, boa-tarde ao Presidente dos trabalhos, Ver. Garcia; Ver. Paulo Brum; demais Vereadores e visitantes que estão no Plenário, eu estou um pouco tensa, porque é a primeira vez que falo na Tribuna Popular. Sou membro da Associação de Moradores e Amigos da Beira da Free-Way, onde exerço três cargos de diretoria: diretoria social, educação e saúde. Falo em nome da comunidade do Humaitá; sou moradora da Vila Farrapos há três anos, onde faço um trabalho comunitário também há três anos. O meu objetivo principal aqui é aprovação dos Vereadores para o Projeto Integrado Entrada da Cidade. Eu escrevi algumas coisas que passo a ler: “Visa à contratação de empréstimo externo junto ao Fundo Financeiro de Desenvolvimento da Bacia do Prata, o Fonplata, com garantia da União, para financiamento de obras de estruturação urbana e recuperação ambiental nos Bairros Humaitá, Navegantes e Farrapos. O valor do empréstimo fica em torno de 27 milhões e 500 mil dólares, que serão destinados ao projeto de habitação de interesse social. Esse é um dos objetivos.

Há outros objetivos que vou ler aqui: temos o projeto de habitação de interesse social, o projeto de infra-estrutura viária, o projeto de valorização paisagística, o projeto de geração de trabalho e renda, o projeto de desenvolvimento comunitário e educação sanitária e ambiental, e o projeto de gerenciamento do programa.

Vai ser criado também um centro social comunitário, que permitirá as ações de políticas sociais do Município. Caso seja aprovado esse Projeto, eu me proponho a fazer parte desse centro comunitário, evitando uma coisa que tem acontecido muito nos Bairros Navegantes, Humaitá e Farrapos, onde eu tenho, de certa forma, uma liderança, junto com outros companheiros, para que façamos uma confraternização múltipla que não vise somente aos partidos políticos. O que tem ocorrido muito no nosso bairro, e também em outros bairros da Cidade - porque faço parte de associações de outros bairros também -, é que está sendo muito visado o poder político. Como moradora da Vila Farrapos e fazendo todo um trabalho social da minha associação na beira da free-way, eu vejo muita luta travada entre partidos políticos. E o objetivo aqui não são opções partidárias; o objetivo nada mais é do que a aprovação para a implementação desse Projeto, pelo qual serão favorecidas algumas dezenas de milhares de pessoas. Serão três mil e seiscentas casas, cooperativas; praças serão restauradas; também será criado esse centro comunitário de que falei. O objetivo de eu vir até aqui - e eu falo em nome de toda a comunidade - é justamente este: fazer a integração desses bairros com a comunidade, e pedir aos Vereadores que votem “sim” ao Projeto Integrado da Entrada da Cidade. Era mais ou menos isso que eu queria dizer. Fica na consciência dos Vereadores. Eu tenho certeza de que posso contar com a aprovação de vocês. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Muito obrigado Sr.ª Elisabeth. Por gentileza, queira ocupar assento à mesa.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, minha cara Elisabeth Guilhon, nós vivemos um momento de entendimento; pelo menos é o que se pretende. Esta Casa sabe das responsabilidades orgânicas e constitucionais que tem com o povo de Porto Alegre, e ela não foge das suas responsabilidades. Nós só não votamos essa matéria porque ela não foi apresentada da forma que deveria ser apresentado um Projeto. Agora, nós nos preocupamos, e seriamente, que precisemos ser alertados das nossas responsabilidades, e lembramos das artimanhas da Administração da Prefeitura e do Partido dos Trabalhadores, mais manhas do que artes, usadas previamente na eleição. Nós não precisamos desse tipo de coisas; nós somos homens responsáveis, nós acreditamos no entendimento que se faz através do respeito mútuo, através da independência e da harmonia, mas, da forma como se conduzem as coisas, de repente nós ficamos duvidando disso. Nós não fugimos, volto a dizer; a matéria não foi votada porque é um Projeto que foi apresentado sem planta, sem maiores detalhes. Apenas com a boa vontade dos Vereadores, que deram urgência para a votação do Projeto, é que ele está hoje na Ordem do Dia; senão não estaria. E foi a oposição que pediu a urgência. O Partido dos Trabalhadores na Prefeitura foi fazer propaganda do que ainda não tinha acontecido; isso nos entristece profundamente. Nós somos homens e mulheres cônscios de nossas responsabilidades; nós não fugimos das nossas responsabilidades, tanto que o Projeto está em regime de urgência porque a oposição, nesta Casa, pediu, aprovou, relatou, e o regime de urgência foi aprovado por unanimidade, claro que com sérias restrições deste Vereador pela má apresentação do Projeto. Mesmo assim tentaríamos resolver as diferenças aritméticas, pois parece que nem para esse cálculo a Prefeitura tem tempo. E nós ficamos profundamente tristes. Mas levem a certeza de que nós votaremos pela Cidade e não pela Administração da Prefeitura. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Ervino Besson está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, Sr.ª Elisabeth Guilhon, mais conhecida como Beth, quero dizer aos nobres Vereadores que esse Projeto, retirando esse panfleto que surgiu, infelizmente... Esse panfleto nem era necessário ter saído, porque, quando há uma mudança, algo para melhorar a Cidade, toda a Câmara tem de estar junto, e aquela região é o cartão de visitas da cidade de Porto Alegre. Digo mais, senhores, eu vi que o relator do Projeto foi o Ver. Reginaldo Pujol, homem que conhece muito a cidade de Porto Alegre e tem uma história nesta Cidade. Quem conhece a Restinga ao longo de sua história sabe do trabalho do Ver. Pujol. O Parecer do Ver. Pujol foi favorável e a Casa, como um todo, também deverá ser favorável, porque ali é a entrada da Cidade e é o cartão de visitas da cidade de Porto Alegre.

Quero te saudar, Elisabeth, pelo teu pronunciamento e espero que a Câmara Municipal, por unanimidade, vote favoravelmente esse Projeto, que vem ao encontro do bem-estar daquele povo e, naturalmente, da cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente Ver. Carlos Garcia, ao tempo em que saúdo a Sr.ª Elisabeth Guilhon, que ocupa a Tribuna Popular em nome da Associação dos Moradores e Amigos da Beira da Free-Way, quero reforçar, gizar as colocações que foram feitas, anteriormente, pelos Vereadores João Antonio Dib e Ervino Besson. A Casa está tendo, com relação a essa matéria, extrema e justificada boa vontade, porque, se existisse alguma coisa a lamentar nesse Projeto é que ele tenha demorado tanto tempo para chegar a esta Casa. Como o Ver. João Dib acentuou, nós fomos o parecerista e em doze horas oferecemos o Parecer. A unanimidade da Casa aprovou o Parecer, oferecendo algumas restrições ao Projeto em função das razões já elencadas pelo Ver. Dib. E se nós não votamos isso antes foi porque ponderações foram feitas de que essa matéria poderia ser motivo de exploração política.

Eu até me escusei com o Ver. Sebastião Melo - primeiro a levantar essa situação -, dizendo que ele estava sendo acusado de delírio persecutório com premonição, achando que tudo estava acontecendo em função da eleição. Eu estou muito triste hoje quando verifico que, realmente, o Vereador tinha razão. Quando eu vejo esse panfleto, eu vejo que é difícil a gente colocar a Cidade acima de qualquer diferenciação política, porque nem todos seguem essa mesma linha.

Mas fique tranqüila, senhora, apesar dos pesares, nós vamos aprovar o Projeto, porque é bom para a Cidade e é bom para os moradores da Zona Norte de Porto Alegre, dos nossos amigos do Humaitá, da Vila Farrapos, daquele conglomerado de vilas, que há mais tempo deveria ter sido cuidado.

Queira Deus que agora possam vir a ser, efetivamente, cuidados com a brevidade com que merecem ser atendidos. Obrigado pela sua presença, meus cumprimentos e disponha da Casa.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Colegas Vereadores e Vereadoras, primeiro a nossa saudação à Elizabeth, nosso carinho muito especial. Reconhecemos o seu trabalho e a sua postura junto ao Movimento Comunitário, que grandes contribuições tem dado à nossa Cidade.

V. S.ª colocou muito bem, eu acho que o que é de interesse público não deve pertencer a questões partidárias de A, B, C ou D.

O Projeto Entrada da Cidade é um Projeto que vem de 1989, da primeira campanha da Frente Popular liderada pelo então, hoje Governador, Olívio Dutra. Por razões e explicações das mais diversas é que, na verdade, esse Projeto nunca avançou. Há várias interpretações, inclusive de parceria com o Governo do Estado, não o atual, mas o outro em que o Governo Federal entrava com uma parcela ao Governo do Estado. A verdade é que o Projeto não avançou. Neste momento, há um Pedido de Autorização desta Casa para 55 milhões e, evidentemente, a Casa não irá negar essa Autorização, até porque depende de outra autorização, que é do Senado da República.

Agora, eu queria, no mesmo diapasão, dizer especialmente ao Ver. Pujol que nós, na verdade, temos feito aqui o papel de fiscalização, mas nós conhecemos o Partido do Governo, ou seja, quando eles lançam milhares de panfletos na Região dizendo: “Região Humaitá está melhor. Principais realizações pela Administração Popular do Humaitá: Projeto Entrada da Cidade; reurbanização; reassentamento de vilas de três mil casas...” E diz mais uma série de coisas. Esse panfleto, lançado na véspera da eleição, não contribui com o processo, porque - dizia eu, Ver. Paulo Brum -, se nós tivéssemos aprovado, isso aqui não estaria só em panfleto, isso aqui estaria na Zero Hora, no Correio do Povo, no Diário Gaúcho e em todos os jornais do interior do Rio Grande do Sul, dizendo que teriam 55 milhões. Isso não constrói cidadania! Não é por isso que nós vamos votar contra, não, nós vamos votar a favor.

Agora, quero dizer que isso, efetivamente, não contribui para uma boa relação desta Casa com o Executivo Municipal. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, prezada Elisabeth, da Associação de Moradores e Amigos da Beira da Freeway, nós temos muito orgulho de estar neste momento nessa caminhada - nessa longa caminhada - da relação com vocês e com o conjunto dos moradores da Entrada da Cidade. E o fato de colocarmos no papel demonstra esse orgulho. Não tem nada mais cidadão do que um Governo dizer aos seus cidadãos o que fez, o que projetou, o que está fazendo. Nós sabemos da complexidade, da ousadia, da extensão que tem – tu mesmo disseste – dos diferentes programas que tem dentro deste Projeto.

Nós, como representantes do Governo Municipal, negociamos com os Vereadores aqui que quiseram evitar o momento eleitoral, mas lamentamos, porque achamos que não devíamos ter perdido esse período. Não é porque estamos próximos de uma eleição ou não que devemos deixar de aprovar obras e investimentos para a Cidade. Não foi de propósito que caiu perto da eleição, houve uma série de contratempos, inclusive aqui na Casa, que fizeram isso. Mas nós temos certeza de que a Câmara de Vereadores, que tem sempre um compromisso, sempre faz um esforço para superar as contradições partidárias e faz um esforço no sentido de beneficiar a Cidade, vai aprovar hoje este Projeto, e a Cidade vai poder comemorar mais um tanto de dignidade a vocês que lutam tanto. Parabéns pela luta de vocês! Continuem nos acessando e exigindo desta Câmara coerência e parceria. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ª Elisabeth, nossa satisfação por recebê-la aqui. Quero dizer que nós temos muito carinho por associações de bairros. E ela deve ser, no meu entender, mais contemplada no Orçamento Participativo, que é tão elogiado pela Prefeitura, para que haja fiscalização, para que haja uma forma mais solidária, mais democrática de participação das comunidades. Esta Casa tem sempre se colocado à vontade para as associações. E sempre que há um Projeto com o objetivo de fortalecer a nossa Cidade, para a construção de novas obras, esta Casa não tem se furtado em dar o apoio à Situação. Mas de agora em diante nós vamos ter que ter muito cuidado, porque estamos passando por um círculo eleitoral e vamos entrar em outro, em seguida, e aí são aquelas promessas: “ Olha, vai fazer; não vai fazer; há verba”. Então, temos que ter muito cuidado. Mas o nosso Partido está solidário com V. S.ª pela presença, às associações de bairros, para ficarmos vigilantes para que essas obras realmente sejam realizadas e que satisfaçam as suas comunidades. Obrigado a V. S.ª pela sua presença.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Raul Carrion está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. RAUL CARRION: Em primeiro lugar a nossa saudação a Elisabeth, com quem compartimos tantas lutas na região, e em nome de quem saúdo todas as lideranças que aqui se encontram e os moradores dessa sacrificada região.

Para mim, que desde 1980 acompanho a luta dos moradores da região Humaitá - Navegantes, Vila Farrapos, é uma imensa alegria poder, no dia hoje, votarmos um Projeto de tal magnitude como o que hoje teremos a oportunidade de votar.

Na verdade, são 55 milhões de dólares, dos quais 50% do Município, que hoje passam de 200 milhões de reais, com a desvalorização do real. Serão três mil casas, doze mil pessoas; teremos doze novas praças, treze recuperadas; treze obras viárias também; macrodrenagem; microdrenagem; geração de renda. Em suma, um Projeto completo, cultural, econômico, que busca recuperar essa importante área da Cidade.

E é importante dizer que essa situação passou por inúmeros governos: Villela; Ver. Dib, então Prefeito; o Prefeito Collares, e agora temos a oportunidade, com o governo da Frente Popular, de resolvermos. Lembro outras ações importantes na área da habitação, como a Vila Mário Quintana, a Vila Pampa, a Vila Tecnológica, as Casas da Dona Teodora; a Vila Santo Antonio, onde conseguimos evitar o despejo. Tantas lutas!

E para concluir, quero dizer que essa obra vem coroar; é uma obra que em doze anos a nossa Administração aplicou 98 milhões em projetos habitacionais, atingindo onze mil famílias. E não por acaso o IBGE considera, nos últimos três anos, Porto Alegre como a Capital de melhor desempenho em investimentos na área habitacional.

Está de parabéns a comunidade e está de parabéns a Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento. Fala em nome do PHS.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr.ª Elizabeth Guilhon, todos nós – eu, particularmente, sei que uma associação é a célula de um município. Isso é indiscutível. E não adianta nós ficarmos falando que é preciso isso e é preciso aquilo. É preciso fazer e pronto, dar condições para que vocês apontem as necessidades e essas necessidades sejam feitas pelo Município sem mais delongas e sem mais mentiras. Eu acho que existe uma diferença entre realização e projeto – entre realização e projeto há uma diferença muito grande.

Esse panfleto que espalharam aqui, isso aqui é jogada enganosa - no meu entendimento. “Principais realizações da Administração”. E aí vem: “projeto”. Projeto é uma coisa que se projeta para se realizar e a realização não está aqui.

Mas, de qualquer maneira, como conhecemos os caboclos da aldeia e conhecemos a aldeia, é por isso que na eleição que passou nos já ganhamos um pedaço daquilo que, realmente, faz as propagandas enganosas.

A senhora pode ter certeza – sem discurso –: para o que a senhora precisar nós estamos aqui à disposição.

E esse Projeto de 55 milhões de dólares, se precisar de mais, nós vamos aprovar, desde que, realmente, as coisas sejam feitas. De blablablá eu estou cheio também, a exemplo da senhora.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Todas as Bancadas se manifestaram, e lembro-me de que no início da fala, a Sr.ª Elisabeth Guilhon disse que estava um pouco nervosa. Mas tenho certeza, Sr.ª Elisabeth, de que a senhora sai daqui bem mais tranqüila, pois, afinal, ouvindo os depoimentos de todas as Bancadas, temos um consenso, ou seja, cada Vereador e cada Bancada com o seu enfoque mas, na realidade, o que todos buscam é a qualidade de vida do povo da Cidade, melhorias para todos. E temos a certeza de que nesta tarde isso será obtido.

Então, parabéns a senhora pela exposição. Volte tantas vezes quanto julgar necessário a esta Casa porque a Tribuna Popular se presta para isso. E temos a certeza de que quem ganha com esse Projeto é o povo da Cidade de Porto Alegre, e, mais especificamente, os moradores daquela região. Muito obrigado.

Faremos um rápido intervalo de dois minutos para as despedidas de praxe. Estão suspensos os trabalhos da presente Sessão.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h35min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia - 14h37min): Estão reabertos os trabalhos.

Queremos registrar, no dia de hoje, o aniversário do Ver. Aldacir Oliboni. Vereador, receba os cumprimentos da Casa. Desejamos que continue sempre com essa brilhante atuação parlamentar. (Palmas.)

Passamos à

 

PAUTA ESPECIAL

 

DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(até 06 oradores/10 minutos/com aparte)

 

5ª SESSÃO

 

PROC. 3005/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 062/02, que estima a Receita e fixa a Despesa da Administração Direta do Município para o exercício econômico-financeiro de 2003. Com Emendas n.os 01 a 12. 

 

PROC. 3006/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 063/02, que estima a Receita e fixa a Despesa do Departamento Municipal de Limpeza Urbana para o exercício econômico-financeiro de 2003.

 

PROC. 3007/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 064/02, que estima a Receita e fixa a Despesa do Departamento Municipal de Água e Esgotos para o exercício econômico-financeiro de 2003. Com Emenda nº 01.

 

PROC. 3008/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 065/02, que estima a Receita e fixa a Despesa do Departamento Municipal de Habitação para o exercício econômico-financeiro de 2003.

 

PROC. 3009/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 066/02, que estima a Receita e fixa a Despesa da Fundação de Assistência Social e Cidadania - FASC - para o exercício econômico-financeiro de 2003.

 

PROC. 3018/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 067/02, que estima a Receita e fixa a Despesa do Departamento Municipal de Previdência dos Servidores Públicos de Porto Alegre para o exercício econômico-financeiro de 2003.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, este momento nas nossas Sessões, o momento da Pauta, é extremamente importante, principalmente agora que se fala em entendimento. Entendimento é uma obrigação de todos nós legisladores, de todos os legislativos, até é uma determinação constitucional. Consta na Constituição que os Poderes são independentes e harmônicos. Independência e harmonia são duas coisas muito importantes. Não se deve pressionar desnecessariamente, deve-se agir com lisura, seriedade, responsabilidade e competência. Deve-se acreditar que os homens escolhidos pelo povo sabem representar o povo, não precisam ser pressionados, eles conhecem, estudam e debatem na Pauta sobre os problemas da Cidade.

Não há por que sermos pressionados, nós somos muito mais responsáveis do que alguns que lá estão e que não vêm aqui, não acompanham o que aqui acontece, não dão quórum neste Plenário. Eu, com a tranqüilidade de quem teve uma Bancada presente durante todo o mês de outubro, posso dizer isso: não há por que pressionar.

A época é de entendimento, de respeito, de seriedade, de responsabilidade e de competência. Eu até não vou perguntar por que a Prefeitura coloca tanto dinheiro em CDB, em vez de fazer as obras que são listadas, as obras que a Cidade necessita, as obras que a Cidade reclama há tanto tempo, e o dinheiro fica no banco. Eu não vou mais discutir sobre isso, porque eles não sabem me explicar bem por que fazem; mas fazem.

Eu vou olhar as obras programadas para os anos de 2002 e 2003. Enquanto a Prefeitura detém muitos recursos em dinheiro no sistema bancário, ela continua fazendo empréstimos. Estão aqui relacionadas obras do DEP para o ano de 2002 no valor de 3 milhões e 750 mil reais com recursos municipais, com exceção do Pró-Saneamento da CEF, que era de 100 mil reais. Portanto, a quase totalidade das obras do DEP para este ano, que foi zero praticamente, era com recursos próprios. Estranhamente, o DEP, para o ano de 2002, teve um orçamento menor do que no ano 2001. Mas para 2003, o DEP tem obras no valor de 9 milhões e 500 mil reais. Melhorou bastante! Mas obras e instalações com o fundo PIMES, 815 mil reais; Pró-Saneamento, Caixa Econômica Federal, 3 milhões e 582 mil reais; conduto forçado da Álvaro Chaves, BID, 4 milhões 180 mil reais. Isso vai resolver o problema do 4.º Distrito; vai resolver o problema do Parcão. É claro que não são com esses 4 milhões de reais, mas sim com muito mais dinheiro que virá também através de outro empréstimo. A Prefeitura poderia estar fazendo essa obra agora com recursos próprios, mas vai esperar que, no ano que vem, tenha um financiamento, e, no segundo semestre, começa a fazer essas obras aqui programadas do conduto forçado Álvaro Chaves. E o programa de reforma e substituição de redes, 900 mil reais, recursos próprios. Eu cumprimento a Prefeitura Municipal de Porto Alegre pelo atendimento que está dando a reivindicações da população, que é o que ela tem de fazer com o dinheiro que arrecada através de impostos: dar a seus munícipes obras e serviços que são solicitados, e não apenas fazer empréstimos no Fonplata, e não sabem nem fazer aritmética! Não apresentam plantas, e, se não são os Vereadores darem urgência, não tem nada para votar hoje. Mas nós vamos votar, sim.

Mas as obras que a Prefeitura previu através da Secretaria de Obras: construção e pavimentação de vias urbanas, dinheiro do BID. Este ano, 2002, havia 6 milhões e meio, e, para o ano que vem, estão previstos 6 milhões e 205 mil reais. Eu não sei se eles usaram nas obras os 6 milhões e meio que aqui estavam previstos, vindos do BID, mas sei que há muito dinheiro no banco. Pavimentação de estradas municipais, 2 milhões e 200; para o ano que vem tem só 833 mil reais, é dinheiro do Município. Terceira Perimetral este ano tinha 33 milhões e no ano que vem tem 26 milhões e 200 mil, dinheiro do BID e do BNDS, nada do orçamento próprio. Equipamentos de materiais permanentes tinha 54 mil este ano, no ano que vem tem 170 mil. Continuidade de um alargamento da Bento Gonçalves nos corredores de ônibus, do BNDS, este ano tinha 1 milhão e 600, o outro ano tem 800 mil, também não sei se foi usado esse dinheiro do povo de Porto Alegre nas obras da Bento Gonçalves; honestamente, não sei, porque não tem como controlar, por mais atencioso que eu seja, as coisas que acontecem na Prefeitura. Mas por que eu coloco essas dúvidas? Nós temos aqui: Pista de Eventos, 1 milhão de reais - os moradores lá do Humaitá conhecem bem a história da Pista de Eventos -, 1 milhão de reais no ano de 2002, não gastaram um centavo, está previsto para o ano que vem 1 milhão de reais; pode ser que gastem no ano que vem. Essa história de fazer panfletos e contar histórias e histórias... Não é que o Projeto seja realmente obra, não, não é isso aí não! Para o Túnel da Conceição que precisa reparos urgentes, para este ano, estavam previstos 1 milhão e 900 mil reais. Não fizeram nada! Por isso é que eu tenho que colocar as minhas dúvidas nas outras verbas que aqui estão relacionadas. Estão colocando para o ano que vem 1 milhão e 633 mil reais. Pode ser que façam. Mas, segundo eles estão dizendo sempre, é um dinheiro de empréstimo; e a Prefeitura continua tendo muito dinheiro no banco aplicado a juros. Dinheiro do povo não é para juros. Dinheiro do povo é para obras e serviços. Não é para enganar o povo com publicidade cara na televisão, no rádio, no jornal, em panfletos próprios, em cartazes coloridos, jornais da Prefeitura, jornais das Secretarias. Não é para isso. Dinheiro do povo é para fazer obras, e as obras estão aqui listadas.

Este ano, 92 milhões de reais; no ano que vem aumenta o Orçamento: 86 milhões de reais, vai sobrar mais para botar em CDBs - e eu não quero falar muito em CDBs. A Prefeitura está rica recebendo juros e condenando os banqueiros. Mas, enquanto isso, dá o dinheiro do povo que deveria ser transformado em obras e serviços para os banqueiros enriquecerem mais. Empresta a 1,5%, entrega 1,5%, e o povo paga 8, 9 e 10% no cheque-forte. Depois eles fazem cartazes dizendo que tudo será solucionado. Vamos ver o que vai acontecer. Eram 92 milhões de reais para obras neste ano, já mostrei que em duas não aconteceram nada. E no ano que vem são 86 milhões de reais, e essas duas obras serão incluídas novamente no ano que vem. Saúde e paz!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente dos trabalhos, Ver. Carlos Alberto Garcia, colegas Vereadoras, colegas Vereadores, especialmente público que nos honra com a sua presença, estamos na penúltima Sessão de discussão de Pauta do Orçamento de Porto Alegre, que considero, indiscutivelmente, o Projeto mais importante de cada ano, porque ele busca traduzir as expectativas da população, as demandas públicas, que são sempre maiores do que os recursos da Cidade, e que, efetivamente, o Governo precisa fazer opções. Nós temos estudado este Orçamento e algumas coisas queremos aqui sublinhar, mais uma vez. Não estranhamos, porque conhecemos, mais ou menos, a batuta do Governo, que fala em transparência, mas age com fechamento quando diz respeito ao Orçamento. Aprovamos uma Lei aqui, ano passado, para que cada Vereador da Casa tivesse uma senha para acompanhar a execução orçamentária, para que pudéssemos, neste momento, ao discutir o Orçamento que está em curso, saber se a execução do Orçamento que aprovamos lá atrás está correspondendo àquilo que nós votamos.

Essa lei foi aprovada no final do ano passado, nós estamos vivendo o final do mês de outubro e a Prefeitura não disponibilizou a senha para cada Vereador e acho que não vai disponibilizar.

Eu tenho uma representação na Mesa Diretora da Casa e espero que essa tome uma posição, Ver. Garcia, quando uma lei não é cumprida, V. Ex.ª mesmo, logo ali atrás, pediu à nossa Comissão, com muita justeza, sobre uma lei de autoria de V. Ex.ª que não foi cumprida. Eu quero que a Mesa Diretora, Ver. Paulo Brum, tome uma posição. Afinal de contas, nós aprovamos uma “Lei da Senha”, para que cada Vereador tenha uma senha para acompanhamento da execução orçamentária e essa lei, simplesmente, não é colocada em prática, porque o Executivo não coloca a senha à disposição dos Vereadores.

Segundo, contestaram na Justiça a Lei n.º 414, que é a Lei que dá transparência ao Orçamento público, Ver.ª Sofia. Essa Lei estava aqui desde 98, Lei do Ver. Antonio Hohlfeldt, que buscava colocar paradigmas de transparência no Orçamento público. Bastou que algumas Emendas deste Vereador viessem na LDO, para que o Governo de V. Ex.ª fosse na Justiça contestar essa Lei. Tem medida liminar, de 99 a 2002 ela não era ilegal, porque ninguém colocava nenhuma emenda; então, era um acordo de cavalheiros?

Duas preliminares. Agora quero entrar no mérito do Orçamento. Eu gostaria que o Líder do Governo, Ver. Cassiá, dissesse quanto vai gastar em publicidade neste Orçamento, porque eles não dizem.

Eu faço, aqui, mais uma vez, este questionamento: quanto será o valor para publicidade, que eu não consigo enxergar? Eu não sei se é 12, 13, não sei se é 14, não sei se é 10, eu não sei se é nada.

Segundo, por que o Governo insiste em sonegar à Câmara o dinheiro que ele vai gastar com o Fórum Social? Este Vereador não é contra o Fórum, acho que ele cumpre um papel muito importante. Quero já antecipar, tenho uma posição, dentro do meu Partido, que o Governo do Estado, que vai assumir, tem que ser parceiro e tem que aportar recurso, mas tem que ser transparente nos seus atos. Não pode tirar dinheiro de áreas sociais para jogar no Fórum Social sem discutir com a comunidade, sem passar pelo Orçamento Participativo, sem passar pela Câmara. Isso não está correto! Isso é agir com falta de transparência.

Mas eu vou voltar àquilo que eu já também coloquei aqui e que, com toda a certeza, o Governo vem tentar desfazer daquilo que nós colocamos. Eu peguei aqui os investimentos em algumas áreas, fiz um estudo de despesa realizada com dotação orçamentária, Ver. Juarez, e me coloco à disposição, estão aqui os gráficos feitos, inclusive com pessoas altamente competentes, vejam o seguinte: houve uma diminuição de 25% se eu comparar a despesa realizada com a despesa de dotação orçamentária, na área da cultura. Isso são dados, são números avaliados pelo nosso técnico da Comissão de Economia, que é uma figura altamente capacitada, que veio da Secretaria do Planejamento do Governo do Estado. Se eu pegar, por exemplo, aqui a Secretaria Municipal de Educação, há uma redução de 16,19% - eu corrigindo, fazendo a correção, porque está correto fazer a correção. São áreas, na minha avaliação... Especialmente na área da saúde: na Secretaria da Saúde há uma redução de 11,57%, se eu comparar a despesa realizada com a dotação. Agora se eu for lá, também fiz outro comparativo, que é um comparativo da receita da dotação com dotação, ela aumenta. Por exemplo, no caso da Secretaria da Cultura passa para 31% de diminuição, Educação vai para 18,20%, no caso da Saúde vai para 16,15%. Por quê? É verdade que se tem uma dotação orçamentária e, às vezes, ela não é realizada. Todos sabemos disso, mas sempre a dotação orçamentária... – eu estou pegando, portanto, os dois dados, estou pegando o que foi dotado e estou pegando a realizada, para, justamente, fazer a comparação, para dizer, olha foi dotado, não foi realizada. Então, nós temos aqui esses cruzamentos. E aí, Ver.ª Sofia, uma coisa que temos debatido, sem nenhum denuncismo, pelo contrário, é uma cobrança legítima que nós fizemos, por exemplo, eu acho que o ensino especial na cidade de Porto Alegre não vai bem, acho que precisa demonstrar na prestação do Orçamento, efetivamente, se os 12%, conforme determina nossa Lei Orgânica, estão sendo cumpridos. Até hoje, confesso que tenho feito esforços, tenho feito Pedido de Informações e não tenho obtido resposta sobre isso, porque essa é uma área extremamente sensível; V. Ex.ª, educadora, sabe muito bem, sabe dos dramas que famílias inteiras passam nesta Cidade e que dependem de uma escola especial, que seja absolutamente financiada pelo Poder Público, porque não tem dinheiro para levar as crianças especiais para o ensino particular, para o tratamento particular. Então, quer dizer, essa é uma outra coisa que eu acho importante nós discutirmos nessa questão do Orçamento. Portanto, nós queremos dizer, Ver. Marcelo, que é importante, faço um apelo a V. Ex.ª: nós precisamos resolver a questão da senha. Se nós tivermos o acompanhamento da execução orçamentária, vamos poder fazer um comparativo se aquilo que os Vereadores votaram aqui no Orçamento efetivamente está sendo realizado ou não. Outra questão, Ver. Paulinho, que não dá para deixar de lado: nós vamos arrecadar, neste ano, cento e poucos milhões de reais de IPTU. Não é, Ver. João Dib? A previsão é de cento e poucos. A EPTC arrecadou, no ano passado, 34 milhões de reais oriundos de multas, Presidente. Há, hoje, espalhada pelos jornais, uma tese, inclusive não é tão nova, mas uma tese colocada em uma ação direta, na Vara da Fazenda Pública, por um advogado, se não me engano, já Juiz aposentado e hoje militando na advocacia, trata-se de uma questão que esta Casa vai ter que analisar com profundidade, que é a situação jurídica da EPTC para praticar os atos que pratica. Nós temos que avaliar isso com profundidade, porque essa lei passou por esta Casa.

Portanto, esta Casa tem responsabilidade, sim, Presidente, porque esta Casa aprovou a lei que criou a EPTC. Eu caminho, Ver. Pujol, na direção da tese daquele colega advogado. Creio que há muita procedência, porque a EPTC é uma empresa pública de direito privado, portanto ela não tem o poder de polícia para fazer o que faz, multar para pagar salário. É claro que ela tem capital público, porque o DMLU, porque a EPTC... Aliás, o DMLU não é surpresa, o DMLU é especialista nesse tipo de encaminhamento.

 

O Sr. Reginaldo Pujol: V. Ex.ª permite um aparte?

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Concedo a V. Ex.ª.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Infelizmente, Vereador, o seu tempo está esgotado; infelizmente, Ver. Reginaldo Pujol, V. Ex.ª vai falar e eu...

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Obrigado, Presidente, mas acho que é um tema que nós, Ver. Goulart, vamos ter de voltar, porque ele diz respeito a milhões de pessoas que têm sido multadas nesta Cidade, e a Casa do Povo precisa aprofundar-se nesse assunto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Registramos o afastamento do exercício da vereança do Ver. Gerson Almeida. Ele estava licenciado e retornou o cargo de Secretário Municipal de Meio Ambiente em Porto Alegre. Registramos que o Ver. Juarez Pinheiro continua na titularidade da vereança.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, antes de mais nada me cumpre agradecer ao Ver. Juarez Pinheiro, cuja fidalguia e gentileza me permitiram que eu pudesse hoje me manifestar neste período de discussão preliminar de Pauta Especial em que o objeto do debate é a Lei Orçamentária Municipal a vigorar no ano de 2003.

É evidente, Sr. Presidente, que esse assunto é polêmico, tem algumas implicações como as que foram levantadas pelo Ver. Sebastião Melo, que enfocam temas de grande atualidade relativamente à natureza jurídica da EPTC – Empresa Porto-Alegrense de Transporte e Circulação – que sabidamente no seu estatuto é identificada como sendo uma empresa de direito privado, o que lhe tira a condição de receber a delegação da aplicação dos dispositivos do Código Nacional de Trânsito, mesmo no perímetro urbano da cidade de Porto Alegre.

Aliás, eu tentei dizer em aparte, em que me frustrei em função da conclusão do tempo do Ver. Sebastião Melo, que o ex-Ver. Cyro Martini, do Partido dos Trabalhadores, já advertia sobre essa situação, quando se votou na Legislatura passada a Lei que autorizava a constituição da EPTC.

É um assunto extremamente polêmico, se ajusta a discutir em torno dele neste momento em que se discute o Orçamento, porque é estranho que todo esse volume de recursos, Ver. Sebastião Melo, que é movimentado pela EPTC, não conste do Orçamento do Município. Face a essa circunstância, de ser entendida a empresa como sendo de direito privado e, como tal, não suscetível da fiscalização e da elaboração orçamentária que a Lei determina para os órgãos públicos, ficamos numa situação de dualismo: ou ela erra ao não enviar o seu Orçamento para a Casa - e sustentarão que não, pela sua natureza; ou por sua natureza, Ver. Luiz Braz, ela está impedida de realizar a sua principal tarefa, que hoje é multar os transeuntes na cidade de Porto Alegre, ou pelos pardais, ou pela atuação direta dos seus fiscais, altamente reduzida no período pré-eleitoral. Ficamos até preocupados com a informação que temos de que as comunicações de multas estavam sendo propositadamente retardadas, para não impactar com o eleitorado, que teve de decidir, no último domingo, os caminhos do Estado do Rio Grande do Sul.

Mas, no que diz respeito ao Orçamento propriamente dito, eu gostaria de ter a atenção do Ver. João Antonio Dib, que, no momento, dialoga com os Vereadores Pedro Américo Leal e Adeli Sell, porque, Ver. Dib, V. Ex.ª, que é um zeloso fiscal da aplicação orçamentária, certamente terá condição de me corrigir, se a afirmação que irei fazer agora não for verdadeira: a estimativa de uma receita de 880 milhões, 98 mil, 175 reais e 6 centavos, das receitas correntes, constantes do Orçamento, é subestimada. É inferior à receita que se realizará ao longo do exercício de 2002. Essa tem sido, Ver. Pedro Américo Leal, uma técnica sistematicamente usada pelo Município, a de subestimar receita e, com isso, ampliar a sua capacidade de poder manobrar com o Orçamento, em função da suplementação. Acho que esse é um assunto muito grave e nós, Ver. João Dib, não podemos mais ficar só protestando: nós temos que cogitar corrigir esse particular, porque há uma série de receitas vinculadas, que ficam, obviamente, subestimadas, em função da primeira subestimação, que é a receita corrente do Município.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Reginaldo Pujol, na realidade é subestimada, e nessa receita não está incluído o dinheiro proveniente do SUS. Mas vou-lhe fornecer os balancetes da Prefeitura até setembro deste ano, que dizem claramente da afirmação que V. Ex.ª faz: a Prefeitura subestima todas as suas propostas, porque, na realidade, o Prefeito João Verle já dizia, quando Vereador, que o Orçamento é uma peça de ficção. A Prefeitura vai arrecadar muito mais daquilo a que ela se propõe, e isso lhe permite fazer, todos os dias, suplementações. É só olharmos o Diário Oficial, que não sou eu quem faz.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Perfeito, Vereador. Eu sabia que V. Ex.ª me confirmaria, por isso provoquei o seu ingresso neste debate, e sei que V. Ex.ª acompanha isso, sistematicamente. Eu até arriscaria a afirmar que, neste momento, ainda tendo três meses do ano, o Município já arrecadou, pela suas receitas próprias e receitas de transferência, muito proximamente daquilo que ele está prevendo arrecadar em todo o exercício do ano que vem, o que me permite, inclusive, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, dizer que a subestimação, que em média era, nos exercícios anteriores, em torno de 10% a 12%, este ano se eleva muito mais. Isso ocasiona, Ver. Garcia, uma série de distorções no Orçamento, que não é uma obra de ficção, não. É uma orientação, como bem o é definido, é uma lei que estima uma receita e fixa uma despesa. Ora, se a receita é subestimada, a despesa é reduzida em vários segmentos da Administração Municipal, que tem oportunidade de participar no Orçamento com vinculações predefinidas, com percentuais preestabelecidos - e aí está a educação, a saúde, a própria Câmara Municipal de Porto Alegre, que acabam tendo os seus orçamentos deformados e ficam submissas ao longo do exercício orçamentário a ficarem na expectativa de que a boa vontade ou uma negociação permita que ocorra, como V. Ex.ª bem sabe, Ver. Carlos Garcia, uma suplementação orçamentária.

Por isso, eu gostaria, quando estamos nos derradeiros momentos de discussão prévia sobre o Orçamento, Ver. Juarez Pinheiro, com todo respeito, numa análise absolutamente técnica e que não tem absolutamente nada de político, de acentuar esse fato.

É uma preocupação que certamente vai determinar que nós ofereçamos no prazo legal algumas Emendas ao Orçamento, porque não podemos mais continuar trabalhando - aí sim, Ver. João Dib - nessa irrealidade. A ficção está na subestimação da receita do Município, que, indiscutivelmente, já neste ano se realizará em valores muito superiores aos aqui estimados, e no ano que vem, com a simples correção da aplicação do IGPM, que este ano será muito acentuada - este ano foge da regra, da média dos últimos anos, deve chegar aos 20%, provocando, em termos relativos e absolutos, uma acentuada distorção no Orçamento do Município, que, dessa forma, fica desfocada, e dá ao Executivo um poder de manobra muito maior do que aquele que nós estabelecemos como limite na Lei de Diretrizes Orçamentárias.

 Daí, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a nossa preocupação, para que o todo da Administração Municipal, nesse Orçamento unificado, não venha a ter prejuízos irreparáveis, entre os quais - porque não assinalar? - o próprio funcionamento deste Poder Legislativo, que tem estado, ao longo dos últimos anos, sempre com o Orçamento subestimado e condicionado a negociações e boa vontade por parte do Executivo.

Essa situação, nesse momento, é de todo conveniente que se trabalhe com o objetivo de corrigi-la. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

(O Ver. Reginaldo Pujol assume a presidência dos trabalhos.)

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente dos trabalhos, Ver. Reginaldo Pujol, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, prezada população, cidadãos e cidadãs que acompanham os trabalhos desta Câmara, eu respeito profundamente o esforço que faz o Ver. Sebastião Melo de compreender o Orçamento, mas lamento a confusão que promove – e aí insisto – ao comparar dados de receita realizada com receita estimada.

Não é possível comparar a receita que foi realizada no ano passado com a receita que está estimada e dizer que tem menos, porque são valores diferenciados que não são comparáveis e, portanto, não dá para provocar aqui – já discutimos isso – confusão deliberadamente. E, de outra maneira, levantar categorias diferenciadas ou querer que eventos – se a Prefeitura fosse descrever no seu Orçamento eventos, o Orçamento seria sei lá de que tamanho, não seria possível de se acompanhar – que as Secretarias e que o Município fazem sejam descritos. E aí, em relação ao Fórum Social Mundial, eles não estão separados numa única rubrica, há gastos com o pessoal, gastos com transporte, com materiais, pagamento de passagens, isso são rubricas separadas, isso não aparece aberto no Orçamento. O Orçamento trata de grandes projetos, atividades que cada Secretaria desenvolve. Então, não dá para aqui dizer, irresponsavelmente, que não é discutido, que não é mostrado, que é escamoteado. Há uma lógica, uma forma legal de construir o Orçamento e de apresentá-lo, e é com isso que nós temos que trabalhar.

Eu quero discutir aqui, especificamente, a questão do Projeto Entrada da Cidade. No Orçamento que estamos discutindo está a previsão já de 20 milhões para serem executados no Projeto Entrada da Cidade, no ano que vem. Então, não é uma peça de ficção, porque, inclusive o Projeto Entrada da Cidade já começou. Os Vereadores aqui mostrando que nós fazemos propaganda enganosa, e, na verdade, no final do ano passado, já foi assinado um convênio com a Caixa Econômica Federal no valor 9,2 milhões. E esse recurso já é um recurso que está viabilizando as unidades habitacionais que estão sendo construídas, casas que já estão sendo construídas e algumas que já foram construídas na Av. A.J. Renner, na Vila Tecnológica. E desse valor, 3,1 milhões é dinheiro da Prefeitura Municipal. A Prefeitura, agora, está trazendo para cá um outro aporte, num volume bem maior, pedindo uma autorização desta Câmara, mas o projeto já está em andamento. E quando diz que realizou o projeto, é que para chegar a ter uma aprovação do Fonplata, tem que ter feito muitos estudos, tem que ter apresentado muitos relatórios, tem muito trabalho feito extremamente complexo para chegarmos lá e eles dizerem: “Está aprovado, nós vamos financiar”. Então, tem muita ação da Prefeitura, sim; muito envolvimento, muito tempo gasto, muito investimento, além de concretamente, casas e trabalhos em andamento na Entrada da Cidade. E para o ano que vem, nós estamos prevendo 10 milhões de reais, que são do Fundo Habitar Brasil, Projeto Entrada da Cidade, e já outros 10 milhões do Fonplata. E nós esperamos, hoje, aprovar isso e hoje mesmo mandar ao Governo Municipal a autorização, porque nós precisamos que o Senado aprove ainda em novembro, para não atrasar uma demanda tão importante da comunidade, resultado da participação popular; assim como o Orçamento que vem para cá é resultado do debate de mais de cinqüenta mil pessoas, em todas as regiões da Cidade. E eu queria também frisar que esse Projeto Entrada da Cidade é tão pouco eleitoreiro e demagógico que ele é um projeto para cinco anos. Nós estamos fazendo um projeto, e assim têm-se se caracterizado as ações da Prefeitura Municipal - que não são assim para fazer o ano que vem e para apresentar bonitinho para o ano da eleição. Nós trabalhamos - sei lá há quantos anos -, a Prefeitura está trabalhando nesse projeto e vai buscar verbas que vão ser desenvolvidas e realizadas em cinco anos; já vai pegar quase inteiro um próximo mandato da Administração Pública, que poderá ou não ser da Administração Popular. Isso é trabalhar com responsabilidade com o dinheiro público; isso é pensar a Cidade a longo prazo, pensar com responsabilidade, pensar com conseqüência a Cidade e não trabalhar eleitoreiramente. Por isso que não estávamos preocupados em aprovar ou não antes da eleição; nós queríamos aprovar o mais rápido possível, porque sabemos o quanto é demorado o trâmite no Senado Nacional, sabemos o quanto foi demorado, quantas viagens, quantas insistências para termos a aprovação do projeto. E esse projeto também tem uma outra característica, além de ter esse tempo de realização, ele é um projeto que - a Beth já frisou, e eu quero frisar novamente - não se trata só de construir novas casas para as pessoas. E também isso é resultado da participação ativa dessa população. É um projeto que se preocupa com geração de renda, porque as pessoas não vão só morar melhor. Como as pessoas vão sobreviver? Hoje a atual atividade de recolhimento de papel, como é que propõe uma outra organização para que elas possam morar bem e ter uma renda? Então estão previstos galpões de reciclagem, está prevista oficina de formação para os moradores.

Nós vamos interferir na vida de vinte e duas comunidades, vilas estão envolvidas; onze avenidas ou diretrizes serão feitas, serão realizadas ou reurbanizadas, reorganizadas; vinte e cinco praças receberão melhorias ou serão organizadas; duas equipes de Postos Saúde da Família; duas unidades de educação infantil; um centro comunitário.

É importante citar isso porque quando trabalhamos com a dignidade do povo, quando a gente faz uma obra, não uma obra para enfeitar quem está em cima, o esforço é esse, e deixar inúmeras dificuldades ao redor. É um projeto muito audacioso, é um projeto que se propõe a pensar as diferentes necessidades dessa população envolvida.

E nós contamos – e aí o controle social que é tão reclamado aqui nesta tribuna – com uma comissão de quarenta membros – acredito que muitos estão aqui -, duas pessoas por comunidade participam dessa comissão que terá muito trabalho. E aí a gente sempre diz para a comunidade: quanto mais presente, quanto mais crítica, quanto mais atuante, melhor vai ser utilizado o recurso público. Nós não fugimos da participação popular. Nós queremos que as pessoas participem. Esse é um esforço, quando a gente discute o Orçamento, quando a peça chega aqui é resultado de um grande esforço de discussão com a população. Nós não achamos que as pessoas, porque não têm escolaridade ou porque não sabem ler e escrever, ou porque são simples, singelas, não possam opinar e não possam fiscalizar a obra pública. E mais: é impossível uma administração acertar. Com toda essa participação erramos muito; imaginem vocês, não participando, não controlando, não fiscalizando o quanto se usa mal o dinheiro público.

Então, esse projeto é um projeto de fôlego, um projeto que as pessoas vão ter de ter paciência, mas que as pessoas o tornarão melhor na medida da sua participação.

Queria encerrar aqui a minha discussão do Orçamento dizendo isso: parabenizando o esforço da comunidade que luta no dia-a-dia para sobreviver, mas que ainda tira tempo para interferir e para qualificar a ação pública, a ação, a formulação e a execução das políticas públicas. Esse espaço é de cada um de vocês e é isso que tem de ser feito: tem de se exigir a correspondência do que é a cidadania, do que é a capacidade que vocês têm de produzir; para uma cidade produzir qualidade de vida, tem de exigir o correspondente tanto deste Legislativo quanto do Município, e a gente está nessa parceira. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente dos trabalhos; Srs. Vereadores; distinta assistência; telespectadores do Canal 16, a Ver.ª Sofia Cavedon falou muito bem do bom uso do dinheiro público. Concordo com ela, sem dúvida. Mas, examinando o Orçamento, vejo que para 2003 as despesas foram reduzidas em 100 milhões reais. Diminuiu o nosso Orçamento em despesas. Os investimentos também diminuíram; somam 88 milhões em todo o ano. E nós vimos dificuldades. No Orçamento da Secretaria Municipal de Cultura não está previsto o sambódromo. No investimento daquela Secretaria estão apenas 700 mil reais para todo o ano; 500 mil reais para construção, restauração e reforma de espaços culturais - mas sabemos que o sambódromo é muito mais do que 500 mil reais - e 181 mil reais para o Fundo de Amparo à Cultura. Ou seja, o sambódromo não está nos investimentos do ano que vem. Eu estive ontem no Morro da Cruz visitando a Escola Municipal de Ensino Fundamental Judith Macedo de Araújo, Ver. Luiz Braz, instalada num barracão, por quê? A escola está lá temporariamente porque foi aprovada a construção do novo prédio no Orçamento Participativo de 1999 e depois foi aprovada de novo no Orçamento Participativo de 2000. A obra está lá em andamento, só que paralisada, e as crianças com dificuldade de serem educadas. Aí eu vejo que, no Orçamento da Secretaria de Educação foi aumentada a verba de educação em 15 milhões de reais. Ótimo, porque, pasmem, senhoras e senhores, no ano passado, pelos dados da Prefeitura, ela investiu apenas 19% em educação, Ver. Ervino Besson, e a Lei Orgânica diz que devem ser 30%. Eu tenho aqui certidões do Tribunal de Contas que comprovam que, de muitos anos, apenas em 1993 foram aplicados os 30%. Em 1994, 1995, 1996, 1997, 1998, 1999... De 2001 ainda não se tem o dado oficial, mas, pelos dados que tenho, foi reduzido o orçamento para 19%. Agora aumentaram de 19% para 24%, só que tem de ser 30%. E aumentaram para 24%. Só que na relação dos investimentos da Secretaria Municipal de Educação, meu ilustre assistente Dr. Joni Kaercher, consta, para investimentos, 200 mil reais, 200 mil reais! Não dá para fazer nada! Aquela obra vai ficar parada, as crianças vão ficar com escola... Não é? É uma pena! Não dá para entender.

Para a Secretaria de Esportes houve redução mais uma vez. É uma pena que o Ver. João Bosco Vaz não esteja aqui, neste momento, ele que é um homem que luta pelo esporte; para essa área o investimento foi reduzido.

Eu tenho a certeza de que o Ver. Beto Moesch, que luta pelo meio ambiente, fica triste ao ver a redução no Orçamento da Secretaria Municipal do Meio Ambiente em quase 2 milhões de reais. Não vai haver dinheiro para reformar as praças, para a manutenção dessas praças, para a plantação de árvores, porque o Orçamento foi reduzido. É uma pena que isso esteja acontecendo.

Agora, essa é a grande tristeza: a Ver.ª Sofia Cavedon aqui falou em bom uso do dinheiro público. Acho muito importante o bom uso. Agora, com tudo isso, com a redução, Ver. Luiz Braz, de investimentos, com a redução de vários orçamentos das Secretarias, nós vamos gastar, oficialmente, Ver. Elói Guimarães - está aqui o Orçamento -,  7 milhões, 327 mil, 164 reais e 3 centavos em publicidade e propaganda na Administração Direta e Indireta.

 

A Sra. Sofia Cavedon: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Nedel, eu não entendi onde V. Ex.ª encontrou o dado de 200 mil reais de investimento na área de educação. No documento que tenho aqui, no Anexo 2, Portaria n.º 0885, encontro 7 milhões, 326 mil reais em investimento em educação. Será que estamos com o mesmo Orçamento, Ver. Nedel?

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Eu tenho um levantamento feito aqui onde constam todos os investimentos.

 

A Sra. Sofia Cavedon: Há um problema no seu levantamento.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Qual é a página?

 

A Sra. Sofia Cavedon: Não tem página, é no Anexo 2. Eu posso passar a V. Ex.ª.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: (Pausa.) Não consta. Aqui só há um título: “Investimentos, transferências, aplicações diretas”. Deve ser “transferências”, não é Ver. João Antonio Dib? Porque não fala aqui em obras, não; não fala em obras. Em compensação eu tenho uma especificação: obras e instalações, 150 mil; equipamento em material permanente, 50 mil; FUNDESP, 200 mil reais. É o levantamento que eu tenho. Este aqui é um título que acho que não está correto. Eu gostaria muito que, efetivamente, eu estivesse equivocado e que se fizessem investimentos na área da educação, e que fossem fortes, porque, nos últimos anos, conforme atestado pelo Tribunal de Contas do nosso Estado, não vem sendo cumprida a Lei Orgânica do Município, que exige aplicações, exige uma despesa em educação de 30%. Nem no Orçamento consta 30%; no Orçamento consta 24%, menos do que permite e exige a nossa Constituição, que é 25%. Mas, pela Constituição do nosso Município, é 30%. E isso está longe de acontecer. Eu gostaria muito que eu estivesse equivocado e que a educação fosse realmente prioridade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Ao passar a palavra ao Ver. Juarez Pinheiro, eu corrijo um equívoco que proferi. Agradeci a ele a cedência do tempo, e a Ver.ª Maristela Maffei é que foi gentil comigo. De qualquer forma eu sei que ele participou das tratativas para a cedência.

O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Ver. Reginaldo Pujol, na presidência dos trabalhos, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, realmente, Ver. Pujol, eu colaborei para que V. Ex.ª figurasse entre os inscritos, porque, em função de uma série de atividades, V. Ex.ª não se havia ainda manifestado neste período, e eu estava disposto inclusive a abrir o meu tempo, para que V. Ex.ª pudesse também dar a colaboração que deu, porque me parece que hoje foi o dia em que fizemos a melhor discussão da peça orçamentária. Passado um pouco o calor do processo eleitoral, parece que fizemos uma discussão, hoje, que honra esta Casa, pela qualidade técnica das intervenções, inclusive do Ver. Sebastião Melo, que levantou questionamento, que achei plausível, relativamente a uma lei que eu disse a ele, quando foi aprovada, que era inconstitucional. O Governo resolveu sancionar, contra a minha vontade, e hoje ele tem razão de reclamar. Mas hoje ele não falou, por exemplo, que o PT não cobrava ISSQN de banqueiros - uma coisa dita apenas durante o processo eleitoral para desgastar o nosso Governo - e levantou uma questão que era procedente. Eu pude provar com números, ao Ver. Sebastião Melo, que nós estávamos, sim, cumprindo a Lei do nosso ex-colega, ex-Vereador Pedro Ruas, que colocou também novos itens de ISSQN para corretoras e instituições bancárias.

 

A Sra. Sofia Cavedon: V. Ex.ª permite um aparte?

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: A Ver.ª Sofia, parece que, querendo rebater o Ver. Nedel, já me pede um aparte. Antes de eu entrar na minha intervenção de hoje, já lhe concedo aparte, com a vênia do Ver. Pujol, que preside os trabalhos.

 

A Sra. Sofia Cavedon: Obrigada, Ver. Juarez, é importante fazer o contraponto, senão fica uma fala só, e as questões não ficam claras. A folha que apresentei ao Ver. Nedel tem cabeçalho sim; chama-se “Secretaria Municipal de Educação, Ensino Fundamental, Infantil e Especial” e estão previstos, tudo separado: transferências, aqui, ali e lá, e investimentos de 7 milhões, 274 mil reais. Quando o Ver. Nedel diz que nós não gastamos os 30%, novamente vem a polêmica, Ver. Juarez. V. Ex.ª, que entende muito de Previdência, sabe que nós temos uma nova lei...

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: O Ver. Nedel não computa o que é gasto com os professores inativos. É um equívoco do Ver. Nedel.

 

A Sra. Sofia Cavedon: Exatamente, e agora está separado no Orçamento, porque temos uma Lei da Previdência.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Vereadora, os seus esclarecimentos, de V. Ex.ª, que já foi Secretaria Substituta da Educação, são claros, objetivos, e a população pode fazer o seu julgamento. Na verdade, nesta discussão que já fazemos, Ver. Dib, na 5.ª Sessão - hoje com a qualidade das intervenções, porque hoje se deixou de lado a idéia de apenas querer desgastar o Governo, e as intervenções foram apenas de ordem técnica -, chegamos, eu digo, a um momento mágico, quando a democracia direta se encontra com a democracia representativa. Essa conjugação de um modelo de fazer Orçamento faz com que diminuamos, quase que impossibilitemos a velha prática do clientelismo nos orçamentos, e ainda que façamos uma melhor aplicação das verbas públicas pelo Município. Quero dizer, Ver. João Dib - discutimos muito a questão da aplicação de recursos -, que nos devemos orgulhar desta Cidade, por inúmeras razões, inclusive, pelo seu equilíbrio orçamentário. Temos um Orçamento, neste Município, que deveria ser um orgulho para cada cidadão, para cada cidadã deste Município. Temos um Orçamento absolutamente equilibrado, com baixíssimo nível de endividamento, o que faz, por exemplo, que possamos ter a melhor política salarial deste País, com reposição das perdas aos servidores de forma bimestral, fazendo com que não sofram, ao contrário dos servidores federais, e mesmo em alguns Estados, a defasagem de seus salários, a remuneração que recebem pelos serviços que prestam. Temos o pagamento em dia dos nossos fornecedores, temos o título, já recebido várias vezes, como a Cidade de Melhor Qualidade de Vida, recebemos prêmios diversos como da Fundação Abrinq, por dois anos consecutivos, pela forma com que tratamos as nossas crianças. Cada vez mais, Vereador Líder da Bancada do PT, são crescentes os investimentos na área social, e verifico que as poucas críticas que recebemos aqui - e eu quero enumerá-las e contestá-las, inclusive, mas sob o ponto de vista técnico - eu já respondi. O pouco número de críticas, a sua baixa intensidade demonstra que o Orçamento feito pela população e pelo Poder Legislativo, que é uma instituição inafastável do processo democrático, esse binômio, essas duas intervenções fazem com tenhamos um Orçamento de tamanha qualidade.

O Ver. Sebastião Melo havia criticado que não cobrávamos ISSQN de banqueiros. Já respondi isso em um outro momento, e o Vereador, acho que se deu por satisfeito. Eu, inclusive, forneci números e dados de como a Lei do Ver. Pedro Ruas é cumprida.

A Ver.ª Sofia respondeu de forma absolutamente suficiente à crítica feita pelo Ver. Nedel, que argumentava o fato de que não investíamos os 30% em educação. Logicamente o Vereador não apanhou, inclusive não localizou a página do Orçamento e não apanhou o gasto com professores inativos.

O Vereador que agora preside os trabalhos desta Sessão, Ver. Reginaldo Pujol, fez uma crítica que escutei de forma atenta: o Vereador disse que nós subestimávamos, sempre, o Orçamento, e que, com isso, fazíamos uma barganha com as Secretarias - não foi o termo “barganha” -, que criávamos uma situação que deixava as Secretarias ao sabor da pressão das suplementações.

Agora, o Ver. Reginaldo Pujol é um dos Vereadores que mais entende de Orçamento e sabe que a percentagem que temos para suplementações, sem a participação da Câmara de Vereadores, desde o ano passado, é de 4,2%. Portanto, não teria sentido o Município subestimar com algum objetivo tático ou estratégico porque a suplementação, fora os 4,2%, tem que passar por esta Casa e receber o aval dos Srs. Vereadores.

Na verdade o Orçamento é algo que não se tem como prever de forma exata. É feita uma presunção de arrecadação de recursos em função do modelo econômico vigente, em função da crise por que passa o País e, de resto, toda a América Latina. É muito difícil fazer uma previsão que venha a corresponder aos números exatos no decorrer do ano com a arrecadação, mas, de qualquer forma, é uma crítica que faz o Vereador. Eu só faço o reparo, o fato de que tem que passar por aqui a suplementação, e tiraria esse viés de que submeteria algumas Secretarias ao arbítrio do núcleo do Governo para suplementações.

O Ver. Dib, ao longo dessas cinco Sessões, fez a crítica de que nós temos depositado muito dinheiro nos bancos, em CDBs.

Em primeiro lugar, Ver. João Dib, o depósito em CDBs é o depósito mais conservador, é o depósito mais simples que se possa fazer.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª concede um aparte?

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Vou conceder o aparte a V. Ex.ª.
Eu quero só concluir para que V. Ex.ª possa rebater o que estou dizendo. De outra parte, nós sabemos que o numerário não tem nome, ele não tem marca. Esse numerário que está lá no banco corresponde a uma série de dotações, tanto da área de pessoal, como na área de material de consumo, de serviço de terceiros e de áreas de investimentos. Quer dizer, no início do ano arrecadamos muito, Ver. João Dib, e é natural que acumule um superávit no Orçamento, mas, ao longo do ano, as despesas, Ver. Pujol, elas vêm decaindo, e se arrecada menos do que se gasta.

Portanto, Ver. João Dib, nós precisamos ter no Orçamento um valor para que não venhamos a ter que ir aos bancos pedir dinheiro emprestado para não atrasar pagamento de pessoal. E esse valor em numerário corresponde ao pagamento de pessoal, ao pagamento de fornecedores, à manutenção da máquina, e é muito melhor nós termos em caixa do que pedir emprestado.

Eu acompanhei as suas críticas, eu as recebi, e o fato de dizermos, Ver. João Dib, que esse valor poderia servir para obras, é falacioso, é uma tautologia. Concedo-lhe o aparte.

 

O Sr. João Antonio Dib: Nobre Ver. Juarez Pinheiro, em primeiro lugar, “suplementações”. Eu gostaria que V. Ex.ª acompanhasse, no Diário Oficial, para ver como, por exemplo, este ano tem 600 mil reais para a restauração do Paço Municipal. Fizeram mais de suplementação do que isso e, para o ano que vem, colocaram cem, para poder fazer outras suplementações.

Em segundo lugar, a receita da Prefeitura, a partir de julho, cresce em muitas rubricas. V. Ex.ª se equivoca quando pensa que a receita diminui. Vai aumentar, e não tem por que manter todo esse dinheiro, porque tem 92 milhões de reais previstos para obras e tem 150 milhões de reais em CDBs, fora o dinheiro em conta corrente.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Ver. João Dib, eu acolhi a sua crítica, pensei muito sobre ela e acredito que ela não procede, pela razão que antes eu coloquei. Por fim, o Ver. Moesch fez uma crítica, colocando que diminuíram recursos da Secretaria do Meio Ambiente. É natural, é uma questão de matemática e lógica uma vez que é a população que estabelece as prioridades que algumas Secretarias, em cada orçamento, tenham que aumentar e outras, diminuir. Essa é uma decisão da população, é uma questão de lógica formal: nem todas as Secretarias podem aumentar em todos os orçamentos. Naturalmente, como há prioridades, umas aumentam, outras diminuem, de acordo com a população. Parabéns, Presidente, pela intervenção que V. Ex.ª fez nessa discussão. Achei que ela trouxe contribuição ao debate, eu também vou querer estudar essa matéria. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Encerrado o período de Pauta Especial.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS (Requerimento): Sr. Presidente, requeremos no sentido de que possamos entrar imediatamente na Ordem do Dia, preservadas as Comunicações de Líder, e que, na Ordem do Dia, possamos tratar dos Projetos na seguinte ordem: Veto Parcial ao PLCE n.º 001/02, Ofício n.º 6.661, que trata da licença do Prefeito, Requerimentos n.º 154, n.º 155, n.º 157 e n.º 159 e PLE n.º 058/02.

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Em votação Requerimento de autoria do Ver. Marcelo Danéris. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente dos trabalhos, Ver. Reginaldo Pujol, colegas Vereadores, colegas Vereadoras, estamos aqui neste período de Comunicação de Líder e queremos, primeiro, Ver. Marcelo Danéris, em nome da Bancada do nosso Partido, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro, o PMDB, registrar os nossos cumprimentos ao Partido de V. Ex.ª, que logrou êxito no seu pleito federal, ganhando uma eleição histórica no nosso País. Nós, que lutamos pela democracia, ao longo de todo um processo histórico, vimos que ela vem-se consolidando. Essa eleição, pela maneira como se deu, pelo processo de transição que se avizinha e pela forma como se coloca o atual Presidente da República, é uma lição e um ensinamento para todos nós. Então, quero cumprimentar o Partido de V. Ex.ª e desejar sucesso para toda aquela expectativa de milhões de brasileiros, os mais de cinqüenta e dois milhões de eleitores que votaram no Partido dos Trabalhadores, e também daqueles que não votaram no PT, mas que, hoje, estão incorporados, como brasileiros, na expectativa do novo governo.

Queremos dizer que seremos uma oposição responsável, porque esse é o papel que cabe ao PMDB. Estive, inclusive, em reuniões preliminares, antes do pleito, Ver.ª Sofia, onde coloquei, nas nossas instâncias municipais, na nossa instância estadual, que o PMDB tem de contribuir, nacionalmente, naquilo que for bom para o País, e fazer uma oposição responsável, aquilo que esperamos do Partido dos Trabalhadores em nível estadual. Ganhamos, legitimamente, uma eleição, Ver. Estilac, e quero dizer que V. Ex.ª será um grande Deputado, porque é um grande Vereador desta Casa. O que esperamos do Partido de V. Ex.ª na Assembléia Legislativa, porque será Governo até o dia 31 de dezembro, é também esse mesmo papel, porque achamos que a pluralidade de idéias, que o contraditório, na verdade, nos faz crescer, e, especialmente, faz crescer e fortalecer a democracia.

Por outro lado, achamos que, evidentemente, muitas das questões colocadas pelo Partido, em nível nacional, dificilmente vão lograr êxito. Nós esperamos que sim! Eu vou dar apenas dois exemplos, Ver. Isaac. Nós ouvimos, ao longo de todo um tempo, a tese de vários petistas, liderados pelo Paim, sobre a questão do salário mínimo de 100 dólares; e não estou falando de dólar a 4 reais; falo em dólar que deveria estar em 2 reais e 50 centavos. Hoje já ouvi a manifestação do Mercadante dizendo que talvez fossem manter os 211 reais lançados pela Proposta Orçamentária do Fernando Henrique ou talvez melhorar em 2 ou 3 reais a mais para o ano que vem. Ouvi do Governo que tem de baixar os juros, e agora ouço da equipe de transição do Governo Lula que os juros irão manter-se nesse patamar e poderão até subir. O imposto de renda, que sempre foi um “cavalo de batalha” do Partido dos Trabalhadores também dizem que vai ser mantido no mesmo patamar.

Então, acho que vamos ter aqui um bom debate, Ver. Marcelo. Eu acho que quem ganha a eleição tem um prazo, Ver. Isaac. V. Ex.ª já foi Governo, tanto em nível municipal como em nível estadual; nós já fomos Governo, vamos voltar a ser Governo agora, é evidente que há um prazo para isso. Quero recordar o que o Presidente eleito, Sr. Luiz Inácio disse em várias oportunidades: “Vários Presidentes decepcionaram a população, eu não posso decepcionar”. Eu espero que ele não decepcione, porque espero que a prática case com o discurso, porque há uma expectativa muito grande. Nós sabemos da dificuldade do País, que ele também sabia e a sua equipe sabia. Portanto, queremos fazer um debate nesta Casa de bom nível, pois esta Casa sempre ofereceu contribuições para a nossa Cidade, para o nosso Estado e para o nosso País. Mais uma vez cumprimento o Partido dos Trabalhadores pela sua eleição em nível federal. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Por um dever de justiça, quero registrar a presença, entre nós, retomando o seu mandato, do nosso colega Ver. Estilac Xavier, que nas eleições de 1.º turno foi dos vitoriosos nas urnas e que merece a nossa homenagem, como de resto já a mereceram os Vereadores Fernando Záchia e Paulo Brum, que também tiveram sucesso nas suas empreitadas de representarem os seus Partidos, as suas posições políticas no Parlamento gaúcho.

Sabemos que a Casa perde com a sua saída do Legislativo da Cidade; em compensação, o Rio Grande ganha e muito com a sua presença no Parlamento do Rio Grande.

Receba em meu nome pessoal e em nome da Mesa as nossas homenagens. (Palmas.)

O Ver. Ervino Besson está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente dos trabalhos, Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, pessoas que nos assistem pela TVCâmara, queria saudar a todos.

Em primeiro lugar, quero agradecer ao meu Líder, Ver. Isaac Ainhorn, pela cessão do tempo de Liderança do meu Partido, para que eu pudesse fazer este pronunciamento na tribuna. Em nome da Bancada do PDT, quero fazer minhas as suas palavras, Sr. Presidente, homenageando nossos colegas que foram eleitos.

No dia 8 de julho, este Vereador foi procurado pela Diretora do Instituto Santa Luzia, Irmã Ângela. Ela estava muito preocupada com diversos arrombamentos e assaltos que vêm ocorrendo naquela instituição. Diga-se de passagem, não só naquela instituição. Os senhores que têm acompanhado pela imprensa sabem que diversos colégios são arrombados aqui na nossa Cidade e na Grande Porto Alegre.

O Instituto Santa Luzia, Ver. Pedro Américo Leal, ocupa uma área lindeira que pertence ao INSS. Eu telefonei para o INSS e marcamos uma audiência juntamente com a sua Superintendente, Dr.ª Teresinha. Estivemos lá no dia 8 de julho, fomos muito bem atendidos pela Dr.ª Teresinha.

A Irmã colocou a preocupação da Escola com os diversos arrombamentos que estavam acontecendo. Mas, o que facilitava e continua facilitando os arrombamentos no Instituto Santa Luzia é a área do INSS, que tem muita mata, o que facilita os esconderijos. Faz isso quatro meses. Naquele mesmo dia, no dia 8 de julho, ficou marcado e agendado com o Dr. Luís Cândido, que é um dos assessores do INSS – ele também presta esse trabalho externo junto às áreas do INSS –, que o INSS faria, o mais rápido possível, uma limpeza naquela área, para que se resolvesse a situação do Instituto Santa Luzia – acho que todos conhecem, as pessoas que estão aí nas galerias sabem - o excelente trabalho que é feito pela Escola, que atende os nossos deficientes, principalmente os deficientes visuais. Isso faz quatro meses, mas, do que foi acordado, pelo menos encaminhado com a Superintendente, Dr.ª Teresinha, e o Dr. Luís Cândido, nada foi feito. O que é que aconteceu? No fim de semana passado, mais um arrombamento. Levaram todas as toalhas, mais de uma centena de toalhas que eram usadas para os salões de festas, levaram diversos colchões e todas as roupas que estavam na lavanderia, que eram usadas pelas pessoas que estão internas no Colégio. O Colégio já luta com uma extrema dificuldade e ainda acontece isso!

Meu caro Ver. Pedro Américo Leal, são quatro arrombamentos em pouco mais de seis meses! E esse último deixou a Direção da Escola extremamente arrasada!

A Irmã já fez um contato com o INSS. Eu disse para a Irmã: “O INSS devia ser responsabilizado e deveria, no mínimo, repor o grande prejuízo que o Instituto Santa Luzia teve com mais esse arrombamento.

Sr. Presidente, eu encerro, lamentando profundamente - porque sou vizinho do Instituto Santa Luzia e sei da dificuldade e da luta dessas Irmãs para manter a Escola - mais esse arrombamento, que deixou a Escola numa situação extremamente difícil. Quem sabe a Superintendente do INSS, que já está sabendo do que aconteceu lá, se sensibiliza e dá uma ajuda por mais esse arrombamento, porque o que foi tratado, pelo menos aquilo que foi combinado não foi feito. Se tivessem feito aquela limpeza, eu, pelo menos, entendo que esse último arrombamento de grande vulto que aconteceu no fim de semana passado não teria acontecido. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Ver. Reginaldo Pujol, na presidência dos trabalhos hoje à tarde; Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras; público que nos acompanha aqui e pela TVCâmara, Luiz Inácio Lula da Silva é Presidente da República! Lula é Presidente da República! Essa é, com certeza, a vitória eleitoral, democrática, social, talvez, a mais importante, e eu diria, a mais importante da história brasileira e, principalmente, da história recente brasileira.

Lula e sua eleição representam, para a sociedade brasileira, a mais generosa esperança de um Brasil justo, solidário, humanitário e que procura profundamente a igualdade.

Lula é a representação de sonhos históricos de gerações e gerações que lutaram por democracia, que lutaram por liberdade e por igualdade.

Lula Presidente, Ver. Pedro Américo Leal, é a certeza de uma Amazônia cada vez mais brasileira, V. Ex.ª que sempre lutou em defesa da Amazônia.

Lula Presidente é a representação do povo mais excluído, mais oprimido do nosso País. Na Presidência da República, Lula é a representação mais generosa de um povo que reconhece o seu próprio povo, que reconhece a sua própria identidade e que coloca um dos seus na Presidência da República. Lula representa ainda mais, porque ele representa a virada de uma página histórica do nosso País. Viramos uma página importante da história do nosso País. E viramos - não só o Partido dos Trabalhadores -, mas todos os lutadores sociais, progressistas deste País, intelectuais, trabalhadores, Partidos de toda a ordem, políticos, estudantes, todos, juntos, viramos a página dessa história. É, com certeza, o fim de um ciclo político-econômico no nosso País, que significa o fim de um ciclo político-econômico mundial também, que é a dominação e a hegemonia do projeto neoliberal, que a globalização econômica representou até agora. É um novo ciclo político-econômico que o nosso País assume. Nós, que temos um papel e um tamanho continental na geopolítica mundial, com certeza, seremos referência para muitos países, a partir de transformações e da vontade mais generosa, que eu quero lembrar, por meio da Secretaria Extraordinária de Combate a Fome, como símbolo maior do início deste Governo, a que todos nós estamos ligados emocionalmente, historicamente e politicamente.

Quero, por último, fazer uma homenagem muito especial à militância, aos simpatizantes da Frente Popular - Partido dos Trabalhadores, PC do B, PCB, PSB - e tantos outros que lutaram, de forma tão brava e tão emocionante, nas eleições estaduais. O Rio Grande do Sul perde este momento e este ciclo histórico de mudança no nosso País, perde a chance de fazer parte de um novo ciclo político-econômico no nosso País, mas a sua militância demonstrou, com toda a sua alegria, com toda a sua disposição, uma capacidade importante de aglutinar. Para além das disputas políticas do “anti”; para além daqueles que queriam uma campanha mais dura, a nossa militância mostrou para toda a sociedade gaúcha que é possível defender idéias, ter convicções, sonhar, trabalhar e fazer isso com muita alegria, com muita emoção, com muita paixão, tomando conta das ruas de todo o Rio Grande do Sul, independente do resultado eleitoral. Foi destemida, foi aguerrida, foi muito bonita e muito homenageada por todos. De nós, da Liderança do Partido dos Trabalhadores, o nosso reconhecimento a essa luta histórica; o nosso agradecimento profundo e o nosso compromisso profundo de honrar cada um desses companheiros e cada uma dessas companheiras que lutaram ao nosso lado. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em nome da minha Bancada, Vereadores Pedro Américo Leal, Beto Moesch e João Carlos Nedel, eu quero saudar os vencedores do pleito no dia 27 de outubro. O grande vencedor foi o povo brasileiro, o grande vencedor foi o povo gaúcho.

Nós temos uma tese de, encerrada a eleição, deve-se, imediatamente, iniciar a administração. Eu vejo, ouço, leio falar em entendimento, falar que não se deve pensar que é dando que se recebe. Eu gostaria de lembrar a todos aqueles que, em 1.º de janeiro ou em 31 de janeiro, jurarem defender a Constituição Nacional, que ela diz no seu preâmbulo: (Lê.) “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir o Estado democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida na ordem interna e internacional com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federal do Brasil...” Todos que assumirem qualquer mandato vão jurar cumprir esta Constituição que, no seu art. 2.º, diz que são poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Esse preceito constitucional também se repete na Constituição de cada Estado, como consta nas Leis Orgânicas dos Municípios, apenas que os municípios não têm Poder Judiciário. Está claro que não há mais Partido; terminou a luta; começa o trabalho. Nós precisamos começar a construção. O Brasil tem grandes possibilidades; basta apenas usá-las. Nós temos um povo maravilhoso, que soube colocar suas posições, definir-se em quem queria votar e votou. Agora, resta àqueles que foram escolhidos para ocuparem os Legislativos assenhorarem-se da Constituição Brasileira, que diz que eles devem trabalhar pelo povo na busca de solução dos problemas sociais; enfim, de todos os problemas que a Pátria têm. Mas também, de outro lado, os Executivos devem ter o mesmo respeito, porque são independentes e harmônicos. Deve haver um respeito mútuo; deve haver uma consideração, porque o povo brasileiro inteiro, o povo gaúcho espera que tenhamos soluções e não mais problemas. E é por isso que a minha Bancada saúda os vencedores, dizendo que acredita tranqüilamente que somarão esforços para que, a cada dia, tenhamos muito mais soluções e muito menos problemas. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, nós já havíamos utilizado o nosso tempo, em outras ocasiões, para saudar os grandes vencedores aqui desta Casa, os Vereadores que conseguiram se eleger nas últimas eleições, caso do Ver. Estilac Xavier, com um brilhante trabalho; o Ver. Paulo Brum, nosso grande amigo, companheiro de jornada de muito tempo e também o Ver. Fernando Záchia, grandes vencedores nas últimas eleições proporcionais. Queremos saudar todos os senhores, assim como saudamos todos os Vereadores que participaram das eleições e que bem representaram esta Casa, como o caso dos candidatos ao Senado, Ver. João Bosco e Ver. Caetano. Mas nós não podemos deixar de fazer uma grande reverência a um Vereador aqui desta Casa, eu acredito que dignifica o mandato de todos nós, o Ver. Antonio Hohlfeldt que, concorrendo a Vice-Governador do nosso Estado, acabou se elegendo ao lado de Germano Rigotto. Eu acredito que seja um fato histórico para toda esta Casa e principalmente para nós, desta Legislatura. Queremos saudar todos os senhores que conseguiram vitória nessas últimas eleições.

Quero aqui, Ver. Reginaldo Pujol, V. Ex.ª que é a liderança maior deste Partido aqui neste Município, pedir licença para saudar o Presidente eleito desta Nação, o Sr. Lula da Silva. Eu ouvi com muita atenção o pronunciamento do Presidente eleito. Quero, de todas as suas palavras, saudar, quero pedir a Deus que ele possa realmente cumprir com uma das promessas ou uma das suas vontades que ele manifestou claramente: ele disse que quer chegar até o final do seu mandato com todos os brasileiros fazendo, no mínimo, três refeições diárias. Eu acredito que essa não é uma luta ideológica, temos de estar unidos. Essa é uma luta que não é só de um partido, de um Parlamentar, de um Presidente; eu penso que essa luta deve ser de toda a sociedade. É uma vergonha, é uma mácula para cada indivíduo que participa desta sociedade saber que num canto qualquer deste País alguém não está sobrevivendo dignamente ou alguém tem dificuldade de se alimentar pelo menos três vezes ao dia.

Eu penso que essa missão a que se propôs o Presidente - que não é do meu Partido, que é de uma vertente completamente contrária a minha, mas eu digo, com todas as letras, que ele terá todo o apoio que eu puder dar para que essa missão possa ser cumprida com muito êxito.

Ver. Juarez Pinheiro, parece que o Presidente eleito estava ouvindo V. Ex.ª nos seus discursos aqui, mas contrariou V. Ex.ª no seu discurso e na sua intenção. Eu ouvi, muitas vezes, V. Ex.ª fazer um discurso dizendo que o quinhão do Governo Federal nos impostos era desmesurado, porque ele contrariava as necessidades do nosso Estado ou de todos os Estados, e eu, ouvindo o Sr. Lula da Silva, e ouvindo também as lideranças econômicas do Partido de V. Ex.ª, eu ouvi que eles, apesar de saberem das necessidades do Estado e de proporem um pacto que eu penso que é um pacto que também tem de ser proposto aqui para o nosso Estado do Rio Grande do Sul, reconheceram que é impossível se fazer esse acordo com os Estados, devolvendo para os Estados qualquer parcela dos impostos que hoje são realmente parcelas extremamente vitais para a vida do Governo Federal.

Eu sei que V. Ex.ª, quando fez o seu discurso, fez exatamente dentro de uma linha lógica que deveria ser a redistribuição dos impostos, mas os próprios economistas do Partido de V. Ex.ª, nos últimos pronunciamentos, reconheceram a impossibilidade de fazer essa redistribuição, e eu acredito que isso deve colocar inclusive um alerta para todos nós, porque, afinal de contas, essa impossibilidade vai obrigar a que cada um dos Estados da Federação tenha de fazer uma negociação para conseguir uma sobrevivência maior até que o Estado consiga, quem sabe, novas fontes de arrecadação e que um novo acordo possa ser feito com cada um dos Estados a fim de que realmente possamos, Ver. Juarez Pinheiro, talvez num futuro, mas não agora, como dizem seus próprios economistas, conseguirmos que a parcela dos Estados possa ser uma parcela realmente mais vital e uma parcela que dê para que nós possamos fazer com que o desenvolvimento regional, ou o desenvolvimento de cada região possa ser um desenvolvimento mais acentuado, digno daquilo que arrecada cada um dos Estados da nossa União Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente dos trabalhos, Reginaldo Pujol, Vereadores, Vereadoras, amigos que estão aqui presentes e pessoas que nos acompanham no Canal 16 da TVCâmara, passadas as eleições, eu acho que a homenagem que cabe aqui é ao ser humano. A homenagem direta a esse ser humano chamado Luiz Inácio Lula da Silva ou simplesmente Lula. O sonho que combinou com a grande conquista no último domingo começou no dia 10 de fevereiro de 1980. Não faz tanto tempo. Mas, através do tempo, 22 anos é muito na realização de um sonho de uma pessoa que sai como torneiro mecânico e atinge a Presidência da República Federativa do Brasil. Se eu, Haroldo de Souza, tenho um orgulho enorme por ser um ex-caminhoneiro e ser um Vereador, eu imagino como deve estar o coração, como deve estar a cabeça, como deve estar o interior, o ser interior do cidadão Luiz Inácio Lula da Silva, de torneiro mecânico, à Presidência da República. Representando a parte de baixo do povo, representando o povo sofrido. E eu sou povo também. E deixar bem esclarecido que todos os primos que o Luiz Inácio Lula da Silva está recebendo lá do Interior de Pernambuco... Eu também sou Silva - filho de Dona Luzia Silva de Souza. O Silva representa a família Silva, porque o Vice-Presidente, apesar de ser um empresário, é também Silva, José Alencar da Silva.

Todos vocês que me acompanham há dois anos na política, e aqueles que me acompanham há 28 anos no Rio Grande do Sul, através do rádio, sabem o que eu penso a respeito de partidos políticos, de todos, inclusive do meu, ou dos meus pelos quais eu já passei. Os senhores sabem perfeitamente o que eu penso a respeito de partido político e sabem perfeitamente também o que eu penso a respeito do ser humano. É por isso que eu estou na Liderança do PHS aqui para prestar uma homenagem, não ao Luiz Inácio Lula da Silva, mas ao povo brasileiro de uma maneira geral, aquele que sempre foi excluído, aquele que sempre teve dificuldades.

Só discordo do Ver. Marcelo Danéris ao afirmar que o Rio Grande do Sul perdeu a oportunidade de participar da história. Não, não. O Rio Grande do Sul votou também em Luiz Inácio Lula da Silva e derrotou Serra aqui no Estado. Mas por conhecermos a aldeia e seus caboclos votamos em Rigotto para o Governo do Estado; por conhecermos de perto a Administração do Governo do Rio Grande do Sul. É um direito nosso. Agora, quem sou eu para bater contra o País. E se temos um novo Presidente, e ele é o Lula, se temos um novo máximo mandatário da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, vocês tenham absoluta certeza de que este simples, este humilde Vereador de Porto Alegre está fechado com Lula. Quero que ele realize todos os seus sonhos; quero que o Lula realize metade daquilo que ele pensou em fazer para o povo brasileiro, que eu já estou com o meu título pronto para votar em Luiz Inácio Lula da Silva para a sua reeleição em 2006.

É assim que penso, é assim que vejo a política, porque quero acima de tudo os interesses nacionais, acima de tudo os interesses do Brasil. Passadas as eleições, para mim, morreram as disputas eleitorais. O que importa agora é que temos um novo Presidente que merece e precisa receber o apoio de todos os segmentos da sociedade deste País, para que possamos dar a ele condições de ele realmente realizar os seus sonhos e todos os seus projetos. Agora, se o Lula ganhou um brinquedo e ele não vai saber como brincar com esse brinquedo, bem, daí é outra história. Para mim o que interessa é o Brasil e o seu povo. Sou Lula e sou Rigotto! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Ex.mo Ver. Reginaldo Pujol, demais Vereadores, Vereadoras, lideranças da região Humaitá, Navegantes, Vila Farrapos, que aqui prestigiam a Sessão, todos que nos assistem nesta Casa e nas suas casas, queríamos, também, registrar rapidamente o significado histórico da grande vitória que o povo brasileiro obteve com a eleição nesse domingo, de um operário metalúrgico, nordestino, que representou, ao ser eleito, todos aqueles oprimidos, explorados que vêm construindo a grandeza da Nação brasileira, mas não têm tido um lugar ao sol na distribuição das riquezas.

Mas Lula representou também o clamor de todos os patriotas, de todos os nacionalistas que hoje vêem o nosso País transformado em uma Nação subalterna, ajoelhada ao grande capital financeiro internacional. Entregando suas riquezas, entregando o patrimônio que a Nação construiu com tanto sacrifício. Lula resgatou, com a sua vitória, o sentimento de todos aqueles que repudiaram o projeto neoliberal que desgraçava e desgraça ainda o nosso País.

Uma verdadeira virada de página onde podemos pensar num novo Brasil de soberania, de respeito aos direitos do povo e de ampliação das liberdades democráticas. Sem dúvida, essa vitória tem uma repercussão latino-americana e, mais do que isso, uma repercussão mundial.

Creio também que o povo brasileiro, com essa grande vitória dos partidos progressistas de esquerda neste País deu uma resposta muito firme à bazófia, à arrogância do Sr. George Soros que há alguns meses afirmou que não seria o povo brasileiro que elegeria o seu Presidente, mas que seria o capital financeiro e que, por isso, Lula não seria eleito. E quando o jornalista estarrecido questionou se ele era contra a democracia, ele disse o seguinte: “Não, hoje é como no tempo de Roma Antiga. Na Roma Antiga era o Império Romano que colocava os Governadores das províncias e não o povo das províncias.” Com isso, disse, então, que nós, o povo brasileiro, éramos uma simples província norte-americana.

Mas a segunda questão que nós queríamos referir na nossa intervenção é o escândalo, Ver. Pedro Américo Leal, o verdadeiro escândalo das pesquisas neste Brasil e neste Estado do Rio Grande do Sul ficou evidenciada a profundidade desse escândalo.

Chamamos a atenção para que no dia 19 de outubro, o IBOPE apresentou no pleito estadual um crescimento da candidatura Rigotto, passando a ter uma vantagem de 23%. No mesmo dia o jornal Correio do Povo afirmou que havia caído a diferença para 7,9%. Poucos dias depois, uma semana depois, no dia 25, o jornal Correio do Povo novamente afirmava que a diferença caiu para 5,2%, e o IBOPE no dia seguinte, que a diferença estava em 16%. A pesquisa boca-de-urna afirmou que a diferença era de 12%. As urnas abertas, a diferença real ficou em 5,2%. Nós não conseguimos acreditar que isso seja um erro. É muita ingenuidade acreditar que isso é um erro. O que está configurado é um escândalo manipulatório, que, sem dúvida, teve repercussão no resultado das eleições, procurando ungir como vitorioso no processo eleitoral com pesquisas altamente inflacionadas. Eu tenho conhecimento de que inclusive o Ministério Público Estadual está procurando investigar. É preciso que a cidadania repudie institutos como esses que procuram fraudar, na verdade, o processo eleitoral.

Fica o nosso parabéns ao centenário jornal Correio do Povo, que há poucos dias homenageamos nesta Casa, que mostrou isenção, retidão e fidelidade à realidade. A nossa homenagem ao jornal Correio do Povo nesse episódio. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

Conforme Requerimento do Ver. Marcelo Danéris, aprovado pela unanimidade da Casa, nós desenvolveremos uma Ordem do Dia que inicia, por imposição regimental, pelo PLCE n.º 001/02, eis que se trata de Veto.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 0692/02 – VETO PARCIAL ao PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 001/02, que dispõe sobre o Departamento Municipal de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Porto Alegre, disciplina o Regime Próprio de Previdência Social dos Servidores  do Município de Porto Alegre, e dá outras providências.

 

Parecer:

- da CCJ. Relator Ver. Elói Guimarães: pela rejeição do Veto Parcial.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 77, § 4º, da LOM;

- votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA;

- incluído na Ordem do Dia em 23-10-02.

 

Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:

SIM – aprova o Projeto, rejeita o Veto;

NÃO – rejeita o Projeto, aceita o Veto.

- Trigésimo dia: 26-10 (sábado).

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão PLCE n.º 001/02,  com  Veto Parcial. (Pausa.)

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, V. Ex.ª proferiu que havia consenso e unanimidade das Lideranças em relação à agenda total. Não, relativamente ao Projeto Entrada da Cidade a Liderança do PMDB deu o seu O.K. Relativamente aos requerimentos nós não discutimos, e, portanto, não tem acordo deste Vereador, por enquanto.

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Vereador, apesar de estarmos discutindo uma matéria pacífica, que teria de ser, necessariamente, a primeira a ser abordada na Ordem do Dia, informo a V. Ex.ª que a proposta do Ver. Marcelo Danéris foi submetida ao Plenário, que aprovou, por unanimidade, na ocasião. Daí por que votaremos primeiro o Veto, posteriormente enfrentaremos alguns requerimentos, e, imediatamente após, o Projeto Entrada da Cidade. É isso.

Em discussão o Veto Parcial ao PLCE n.º 001/02. (Pausa.) Não há quem queira discutir. Em votação nominal o PLCE n.º 001/02. (Pausa.) (Após a apuração nominal.)

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Gostaria de alterar o meu voto, de “sim” para “não”.

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Está feita a devida correção. APROVADO por 19 votos SIM e 08 votos NÃO, considerando-se rejeitado o Veto Parcial a ele aposto.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, eu digitei o voto e o voto não foi colhido, e vi que V. Ex.ª proclamou o resultado, mas eu gostaria de fazer o registro de que eu votei pelo “não”, conforme a Bancada. Sei que já passou o tempo, mas só fui me aperceber quando olhei para o painel e vi que lá não estava o meu voto.

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Vereador, em homenagem a V. Ex.ª nós proclamamos a sua intenção de ter votado a matéria de acordo com a manutenção do Veto. Como, infelizmente, isso não implicaria alteração fática da situação proclamada, nós fazemos o registro para que conste nos Anais que V. Ex.ª, se votasse, votaria pelo acolhimento do Veto.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Agradeço a consideração.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. N.º 3239/02 – PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO N.º 003/02, que autoriza o Prefeito Municipal a ausentar-se do País, de 1.º a 11 de novembro de 2002, para viajar à Italia.

 

Parecer:

- da CCJ, pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Em discussão o PDL n.° 003/02 – Proc. n.º 3239/02 da CCJ, que autoriza o Prefeito Municipal a ausentar-se do País de 01/11/02 a 11/11/02 para visita a Itália. (Pausa.) Encerrada a discussão. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, por unanimidade.

 

(Obs.: Foram aprovados os Requerimentos constantes na Ata.)

 

(O Ver. Carlos Alberto Garcia assume a presidência dos trabalhos.)

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 2760/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 058/02, que autoriza o Poder Executivo a contratar empréstimo externo junto ao Fundo Financeiro de Desenvolvimento da Bacia do Prata – FONPLATA, com garantia da União, para financiamento de obras de estruturação urbana e recuperação ambiental do Programa Integrado Entrada da Cidade. Com Emenda nº 01. Urgência.

 

Parecer Conjunto:

- da CCJ, CEFOR, CUTHAB e COSMAM. Relator-Geral Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação do Projeto.

 

Observações:

- incluído na Ordem do Dia em 23-10-02;

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 122, III, da LOM.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Apregoamos o Requerimento de autoria do Ver. João Carlos Nedel, solicitando a retirada de tramitação da Emenda n.º 01, aposta ao PLE n.º 058/02.

Em discussão o PLE n.º 058/02, com a retirada da Emenda n.º 01. O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir o PLE n.º 058/02.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente dos trabalhos, Ver. Carlos Alberto Garcia; colegas Vereadores e colegas Vereadoras, a Câmara, logo em seguida, aprovará autorização para que o Executivo Municipal, após trâmite no Congresso Nacional, no Senado da República, possa contrair empréstimo internacional para o chamado Projeto Integrado Entrada da Cidade.

Eu quero aqui, Sr. Presidente e colegas Vereadores, resgatar que a habitação no nosso País é um desafio enorme de todos os governos nas últimas décadas. O nosso País não tem tido uma política habitacional, nos seus mais diversos níveis. Há uma luta no Congresso Nacional, Ver. Isaac, para destinar 5% do Orçamento da União para criar um Fundo para a Habitação Popular. Esse Projeto está na Câmara há anos! E esse Projeto continua engavetado. O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - dinheiro depositado na Caixa Econômica Federal - há muitos anos não tem sido canalizado para habitações populares.

A Prefeitura de Porto Alegre, em 12, 13, 14 anos, construiu dez mil e quinhentas habitações e comprou mil apartamentos já construídos, da empresa Guerinos, lá na Zona Norte de Porto Alegre. E construções como muitas que estão instaladas na Cavalhada que, tristemente, são inabitáveis: casas que não podem abrigar mais do que duas pessoas! Então, Ver. Carlos Pestana, V. Ex.ª, que dirigiu o nosso Departamento, sabe das demandas enormes, do déficit habitacional que tem a Cidade – e eu não estou dizendo, com isso, que só o Poder Público local teria dinheiro para isso. Esta iniciativa aqui é importante, mas é importante resgatar que este Projeto Entrada da Cidade foi um compromisso político do Sr. Olívio Dutra, quando candidato, em 1988. Do Olívio passou ao Tarso, do Tarso passou ao Raul, e do Raul voltou ao Tarso. Agora nós estamos encaminhando o empréstimo.

Então, eu preciso sublinhar que esse Projeto está atrasado há 12 anos, há 13 anos. Mas que bom que vem agora, e nós vamos votar favoravelmente.

Agora, eu queria, Ver. Reginaldo Pujol, dizer que nós viemos a esta tribuna na semana passada dizer: “ O Projeto que levou 12 anos, nós não vamos dar acordo para votar dois dias antes da eleição, porque isso vai-se transformar em uma exploração política, por parte do Governo, em relação àqueles moradores.” E tinha razão este Vereador, pois foram lançados centenas e milhares de panfletos na Zona Norte de Porto Alegre, lá no Humaitá, dizendo que esse Projeto era uma realização do Governo Popular. Eu quero dizer que isso não está correto politicamente, e talvez seja uma das razões por que o atual Governo perdeu a eleição. Venderam uma falsa expectativa às pessoas. Esse é um Projeto que vem sendo trabalhado há tempo? É verdade. Esse é um Projeto que teve vários momentos? É verdade. Mas querer explorar isso quando faltam dois, três dias para as eleições, dizendo que isso é uma obra já realizada, como está dito aqui no panfleto, Ver. Pedro Américo Leal, isso não está correto. Esta Casa tem responsabilidade, sim; esta Casa sabe do seu papel, sim, e sabe que votando hoje é possível sair daqui a Redação Final, ir à Prefeitura, levar-se ao Congresso Nacional, para que o Congresso autorize, para que em dezembro esteja assinado, sim, este contrato com o FONPLATA, e que nós possamos efetivamente... O Ver. Nedel teve a grandeza de retirar uma Emenda de sua autoria, que é uma boa Emenda, Ver. Nedel, mas V. Ex.ª, para facilitar a questão do empréstimo, teve a grandeza de retirá-la. Mas eu penso que esta Casa tem obrigação, Vereador, não só em relação a essas obras em andamento, que logo em seguida começarão, mas a outras, como as do Chapéu do Sol, que foram realizadas, e outros conjuntos habitacionais. Esta Casa tem a obrigação de discutir a possibilidade, depois de um período de carência, Ver. Pestana, de a pessoa adquirir o título de propriedade. Não sou favorável que isso seja de imediato; sou favorável à carência. Mas sou favorável a que as pessoas tenham a perspectiva, depois de um período, Ver. Dr. Goulart, de transformar a posse em propriedade. E penso que esse é um tema que não vamos nos furtar de discutir. Muito obrigado, Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra para discutir o PLE n.º 058/02.

 

O SR. NEREU D'AVILA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, nós entendemos que não há óbice em fazer-se o beneficiamento da Cidade, inclusive naquilo que ela tem de cartão-postal, que ela tem de apresentação inicial na sua entrada e, evidentemente, que não é só por isso, antes disso, o problema social, o problema emergencial daquela zona da Cidade tem prioridade.

Acho que a sensibilidade desta Casa já sentiu que não há problema em relação ao Projeto, nunca houve. O que houve, e muitos Vereadores já expressaram isso, anteriormente, e vão fazê-lo agora, é essa velha prática petista - no nosso entendimento, maléfica -, quando, por exemplo, ontem, numa entrevista coletiva, o candidato perdedor disse que é um antipetismo raivoso. Não, não é nada de raivoso, ninguém tem por que ter raiva. O que acontece é que a irritação que porventura deliberou o voto avassalador contra a Frente Popular são essas metodologias de distribuir panfletos que não são verdadeiros, dizer coisas que não são verdadeiras. Eu ouvi, na rádio Gaúcha o candidato Tarso Genro, no dia da eleição, acompanhado do nosso companheiro Pedro Ruas, dizer nos 100Kw, da rádio Gaúcha, com a audiência, àquela hora, às 9h e pouco da manhã, impressionante, no Sul do Brasil, ele disse: “Estou acompanhado do Senador eleito Paulo Paim e do Presidente do PDT, Pedro Ruas.” Ora, ele sabia que não era o Presidente do PDT. Então, dizer com desfaçatez essas coisas. Então, distribui panfletos como se já estivesse sido votado, já beneficiado o Bairro Humaitá. São por essas práticas que perderam as eleições. Não é nenhum antipetismo raivoso, não é nada disso: o Rio Grande viu e sentiu esse tipo de coisa.

Outra coisa, quando era Vereador o Mário Fraga - e que o Ver. João Bosco Vaz, bem como nós, estamos providenciando para que essa lei seja cumprida -, o então Ver. Mário Fraga alterou, dizendo que não se pode fazer novas obras do Orçamento Participativo no ano seguinte sem cumpridas as anteriores. É Lei! O Ver. João Bosco Vaz está com ela na mão. O Ver. João Bosco tinha até a intenção de alterar a Lei, mas já foi alterada. A Lei Complementar n.º 195, de 30 de dezembro de 1998, diz em seu parágrafo único: (Lê.) “Após colhidas as resoluções dos Conselhos, a Administração Municipal fica obrigada a executar o que foi proposto, não podendo, portanto, iniciar ou incluir projetos, obras, planos, programas e serviços sem a conclusão das já definidas anteriormente.” E aqui está o Plano de Investimento de 2001, onde diz, na Educação, que “construção de creche Loteamento Mário Quintana, 60 mil reais de recurso orçamentário na SMED demanda 200 mil e 178 reais”. Não houve essa construção de Creche Loteamento Mário Quintana. E está previsto para o ano que vem a implantação de um posto de saúde familiar na Vila Mário Quintana de 150 mil reais. O que a Associação Mário Quintana e quem esteve na Tribuna, hoje, de uma outra vila? Querem exatamente que, antes de se fazer essa Entrada da Cidade, que vai sair após a aprovação desta Casa, essas demandas sejam cumpridas, porque é lá na região, que não seja só a aprovação do que interessa ao PT ou à Administração; aos moradores, evidentemente, a quem respeitamos e saudamos sua presença aqui, mas que se cumpra, porque é Lei; não é favor. Está no texto da Lei que não se pode, sem cumprimento do ano anterior, passar-se a novas demandas. O que tem acontecido com o Orçamento Participativo? Todos os anos há esses livretinhos que, sem estarem cumpridas todas as demandas do ano anterior, já surgem novas demandas. Nesse sentido, somos favoráveis ao Projeto, só que queremos que sejam cumpridas todas as promessas para a Vila Mário Quintana. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir o PLE n.º 058/02.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, evidentemente, nenhum Vereador, em sã consciência, poderia votar contrariamente a um projeto que vai dar os recursos necessários para a construção de moradias dignas para pessoas que hoje têm problemas habitacionais, mas eu vejo os meus companheiros virem a esta tribuna e colocarem alguns óbices e alguns problemas de ordem legal, que eu acredito que precisam ser extremamente discutidos, porque fazem parte esses óbices, Ver. Pedro Américo Leal, das armadilhas do PT. Quais são essas armadilhas? O Plano de Obras que foi exibido aqui e que foi exibido muitas vezes, esse livrete que foi votado pelo Orçamento Participativo, esse plano de obras é aprovado pelo Orçamento Participativo, mas ele não faz parte das votações que são realizadas aqui por ocasião do Orçamento. Eu já disse, Ver. Pedro Américo Leal, o seguinte, quando nós votássemos o Orçamento: o melhor seria que nós pudéssemos votar as obras que foram escolhidas pelo Orçamento Participativo para que então, em votando aqui, o projeto se transformasse em lei, e aí, transformando-se em lei, uma obrigação para que houvesse cumprimento por parte da Administração. Ora, por que a Administração não quer aprovar o plano de obras por ocasião do Orçamento? Porque nós não votando aqui no Plenário o plano de obras, ele se transforma apenas num pacto entre a Prefeitura Municipal e os cidadãos que integram o Orçamento Participativo, é um simples pacto que pode ser quebrado a qualquer instante e ele é quebrado com muita constância. E aí os cidadãos que se sentem enganados e que, de repente, vêem lá a obra que foi selecionada pelo Orçamento Participativo, com os recursos que estão ali destinados no caderno do Orçamento Participativo, e não vêem a obra surgindo e, de repente, essa mesma obra é votada no ano seguinte, e depois votada no ano seguinte, e o cidadão pergunta: onde está esse dinheiro, porque ele já foi destinado, para onde ele foi? Porque ele é votado uma, duas, três, quatro vezes, até que de repente aparece a obra, só que o dinheiro foi destinado em vários e vários Orçamentos. Então, seria necessário, Ver. João Dib - e vejo que V. Ex.ª já me acenou de forma positiva -, que pudéssemos mudar um pouco a mecânica do Orçamento Participativo, que eles pudessem escolher, e eu penso que é absolutamente justo que o Orçamento Participativo continuasse escolhendo todas as obras que achasse que fossem realmente as mais justas para serem construídas na Cidade e nas suas localidades, muito embora, é claro, que se vote apenas uma parcela muito pequena do Orçamento, mas que o Orçamento Participativo pudesse continuar escolhendo.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Luiz Braz, o Executivo sempre se negou a fornecer à Casa, mesmo determinado por Lei, a relação das obras. O Ver. Airto Ferronato já pediu isso, quando Vereador, e hoje é Diretor do DEP, o Ver. Antonio Hohlfeldt já pediu isso, e o Executivo não quer dizer a relação das obras. Realmente, V. Ex.ª tem razão, se fosse trazido aqui, seria Lei.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Com certeza. Então, por que se pode quebrar o pacto? Porque ele não tem força de lei. Então, se pudéssemos trazer para cá, para o Legislativo, o plano de obras, e pudéssemos fazer com que ele integrasse aqui a votação, com todas as obras descritas, com certeza absoluta o Executivo Municipal não poderia se furtar de realizar aquela obra já indicada pelo Orçamento e já individualizada inclusive pelo Orçamento. Pode fazer isso hoje? Claro que pode, apesar de a Lei que foi mostrada aqui pelo Ver. Nereu D’Avila, apesar da legislação mostrada pelo Ver. Nereu D’Avila, é uma questão apenas de palavra de honra, de cumprir-se um pacto e, infelizmente, esse pacto não está sendo cumprido, está sendo quebrado. E eu espero que pelo menos com relação a esses recursos que vêm do FONPLATA, que esses recursos realmente sejam aplicados para construir essas moradias e que não sejam realmente desviados para que outras obras, ou outros serviços possam ser realizados sem que haja realmente o beneplácito da população carente. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Carlos Pestana está com a palavra para discutir o PLE n.º 058/02.

 

O SR. CARLOS PESTANA: Ver. José Fortunati, Presidente desta Casa, demais Vereadores e Vereadoras. Esta autorização que a Casa hoje está aprovando, na verdade, ela autoriza um financiamento com o FONPLATA em torno de 27,5 milhões de dólares, que fazem parte de um conjunto de recursos que totalizam em torno de 140 milhões de reais, do que a gente chamou aqui de Projeto Integrado da Entrada da Cidade. Acho que os moradores, as lideranças que se fazem hoje aqui presentes são pessoas que têm acompanhado com muita ansiedade e com muita expectativa que essas obras aconteçam, que este Projeto aconteça, porque isso é um sonho, é uma esperança que eles carregam já há muito tempo.

Este Projeto foi pensado já no final da gestão do então Prefeito Raul Pont; ele surge inicialmente numa possibilidade de recursos que vinham do conjunto de companhias energéticas da Europa. Ele foi escolhido, competindo com vários Projetos do mundo inteiro, como o melhor Projeto na área habitacional. Infelizmente, aqueles recursos que estavam previstos decorrentes deste Projeto, naquela época, acabaram não vindo. Contudo, apresentamos de novo este Projeto para o FONPLATA e para o Banco Mundial, e, aí sim, tivemos êxito, e já estamos, neste momento, executando em torno de quatrocentas e trinta e poucas casas na entrada da Cidade.

Mas, como eu coloquei, não é um Projeto só da habitação. A habitação talvez seja a maior fonte dos gastos deste Projeto, mas é um Projeto. É um Projeto que contempla a questão da creche, levantada pelo Ver. Nereu D’Avila; contempla a questão da geração de renda, já que boa parte daquela população trabalha com papel, estão previstos vários galpões de reciclagem; contempla a questão ambiental, através de parques, praças. Então, é um Projeto piloto na nossa Cidade, porque ele não atende somente uma vila ou duas, mas atende um conjunto de vilas que têm a expectativa de melhorar de forma significativa a qualidade de vida desses moradores que, hoje, aqui, estão representados por essas lideranças.

Então, fico satisfeito, apesar de algumas ressalvas feitas aqui por Vereadores que me antecederam, mas que concretamente todos eles se manifestam pela concordância do Projeto, porque seria frustrar uma enorme expectativa de pessoas que há muito tempo vêm conversando com a Administração Popular, que já tiveram a oportunidade de conversar comigo, enquanto Diretor do DEMHAB, mas que hoje conversam com outros agentes do Departamento e com outros agentes das demais Secretarias envolvidas; que têm a expectativa de que este Projeto efetivamente se realize.

Já reiterei isso, já expressei isso em uma fala minha anterior, nesta tribuna, que tive a oportunidade de conhecer vários projetos habitacionais, várias realidades habitacionais do nosso País quando fui Diretor da Região Sul, da Associação Brasileira das Cohabs do Brasil e posso afirmar, com toda a tranqüilidade, que não há nenhuma cidade, nenhuma grande cidade, neste País, que esteja fazendo o investimento que a Administração Popular está fazendo aqui em habitação.

Aproveito estes segundos para saudar este retorno positivo que a gente está tendo dos demais colegas desta Casa, porque, de fato, este é o maior Projeto habitacional que está sendo executado hoje no nosso País. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir o PLE n.º 058/02.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este Projeto já está mais do que maduro para ser votado aqui na Casa. Eu tive o privilégio de ter requerido a urgência da matéria, o seu exame conjunto pelas Comissões temáticas da Casa, ter sido parecerista, ter merecido a aprovação por unanimidade do meu Parecer, com algumas ressalvas que, naturalmente, podem ser apresentadas a um projeto dessa grandeza.

Eu, pessoalmente, concluí o meu Parecer dizendo claramente que, se nós tivéssemos alguma coisa para reclamar deste Projeto, seria de que ele tenha custado tanto para chegar aqui na Casa. Realmente, Ver. Pestana, a sua análise da frustração da tentativa de se fazer esse financiamento com outros organismos, que não o FONPLATA, relata de que a conclusão de que este Projeto já deveria estar aqui há mais tempo, não é só nossa, partilha, inclusive, o Executivo desse pormenor, porque, indiscutivelmente, ninguém com responsabilidade nesta Cidade pode ignorar a degradação daquela importante área da Cidade. Importante, por ser tradicional; importante, por ser local de moradia de cerca de três mil famílias que há muito tempo clamam por algumas medidas por parte do Poder Executivo que, por razões mais diversas, não foram implementadas à época e que, cada vez mais, se agravam e, cada vez mais, se torna imperiosa a necessidade de sua realização.

Disse bem o Ver. Pestana, com autoridade de quem há pouco tempo tratava com a matéria como Diretor do Departamento Municipal de Habitação, que se trata de um Projeto arrojado em que a habitação, no sentido lato, tem extremo significado, mas não esgota o assunto. A idéia vai mais longe com investimentos especialmente na área da drenagem que é um dos problemas mais cruciais que toda aquela vasta região de Porto Alegre apresenta.

Então, eu quero, neste momento, até me referir a algumas das pessoas que se encontram presentes aqui no Plenário, no dia de hoje, pessoas que estiveram comigo no meu gabinete, que vêm acompanhando esses últimos dias de tramitação do Projeto aqui na Casa, as quais eu tive a oportunidade de dizer, na semana passada, quando tive a expectativa da votação do Projeto, há uma semana, eu tive ensejo de dizer a eles que o momento autorizava e justificava um adiamento, para que o momento eleitoral, que nós estávamos vivendo, momento eleitoral extremamente engalfinhado e que as urnas provaram que eram com razão, dada a forma com o qual se decidiu, nos recomendava que nós tivéssemos a cautela de não permitir que um Projeto dessa grandeza pudesse ser transformado em bandeira eleitoral, o que seria extremamente desagradável, porque eu percebo a Casa una no objetivo de consagrá-lo, de facilitá-lo e de o fazê-lo com a maior brevidade possível, para que ele possa, ainda esta semana, subir até o Senado Federal, onde ele terá de ter, Ver. Marcelo, uma definição absolutamente necessária por tratar-se de um comprometimento internacional que o País fará, com a celebração desse ajuste com o FONPLATA.

 

O Sr. Marcelo Danéris: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Reginaldo Pujol, só quero registrar o reconhecimento da Bancada do Partido dos Trabalhadores, mas não só da Bancada do Partido dos Trabalhadores, mas de toda a sociedade porto-alegrense, ao seu esforço, a sua dedicação, a despeito das nossas diferenças políticas, ideológicas e partidárias e o trato sério que o senhor deu a um Projeto tão importante para a nossa Cidade, e que é de interesse de todos nós. Parabéns pelo seu trabalho, e V. Ex.ª tem o nosso reconhecimento. (Palmas.)

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Eu agradeço a V. Ex.ª, e quero dizer que eu não sou exceção nesta Casa. A seriedade com que as pessoas aqui tratam dos assuntos relativamente ao interesse público é total. Às vezes, em função de circunstâncias pessoais, a pessoa tem mais condições de colaborar com uma matéria, e eu como fui duas vezes Diretor do DEMHAB, neste particular, tinha essa credencial. Mas não faltou de ninguém das oposições a compreensão para esse assunto, a tal ponto de nós tolerarmos algumas situações que, certamente, nós tínhamos o direito de querer vê-las diferente, e até mesmo de ignorar e não protestar sob algumas tentativas de exploração política eleitoral, que este Projeto ensejou na semana finda. Tudo isso se apaga, se apaga no interesse público, se apaga no interesse social e se apaga sobremaneira na convicção de que nós temos, de que a Câmara Municipal, mais uma vez, não falta com o Executivo, não falta com a Cidade e empresta a sua contribuição para que ande um Projeto que é de interesse de todos nós, porque tem sobre si todo um interesse social plenamente justificado do investimento que se pretende fazer naquela área de Porto Alegre. Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir o PLE n.º 058/02.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estamos discutindo para a votação em breve Projeto muito importante para a nossa Cidade. É um Projeto de inestimável valor, hoje, aproximadamente, cerca de 200 milhões de reais; 100 milhões financiados com cinco anos de carência e quinze de amortização a juros do BID de 7,5% ao ano, mais variação cambial, conforme informações da Secretaria Municipal de Captação de Investimentos. É um investimento importante, porque se trata de uma região que precisa de uma modernização, de uma adequação aos novos tempos e de uma revalorização. Estive, segunda-feira, na Vila Farrapos e vi realmente que investimentos são necessários. Muita gente pensa que este Projeto é só para as casas, mas não é só para as casas. Sobre as casas, nós temos uma discussão que vamos deixar para um pouco mais tarde. Eu coloquei uma emenda que assegurava o direito de propriedade aos titulares das casas - por enquanto, está estabelecido que será Direito Real de Uso, ou seja, as pessoas irão só morar e vão pagar um aluguel por essa moradia e, no fim do tempo, as casas não são delas. Isso eu gostaria de discutir mais profundamente, porque não estou de acordo. Quero que os moradores tenham o direito de ter acesso à propriedade, que é um direito fundamental da pessoa humana, defesa do Partido Progressista Brasileiro, que defende a dignidade da pessoa humana. Tenho certeza de que isso fere a dignidade da pessoa humana: não ter o direito à propriedade. Mas essa é uma outra discussão, que pode ficar para mais tarde, e não vamos impedir, agora, de ser aprovado um Projeto importante. É para a construção de casas, mas também haverá “implantação da Av. Voluntários da Pátria, no trecho do DC-Navegantes até a Av. Padre Leopoldo Brentano”; “implantação e recapeamento na Av. Padre Leopoldo Brentano”, agora com duas pistas. E várias obras.

Também a Vila Farrapos tem um planejamento ambiental “de tirar o chapéu”, para aquelas inúmeras praças que lá estão abandonadas. Estive lá segunda-feira e constatei que estão abandonadas e precisam de investimentos, porque a comunidade está aguardando.

Precisam-se de outros investimentos, em esgoto, em pavimentação, ruas que não estão pavimentadas há 37 anos, e que aquela comunidade espera. E, também, haverá um plano de geração de emprego e renda, também importante, onde será construído um telecentro, onde será também reativado aquele centro social comunitário do SESI, que está lá abandonado, atrás da Paróquia Santíssima Trindade.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Ver. João Carlos Nedel, seu tempo acabou. O Ver. João Antonio Dib se inscreve e cede o tempo a V. Ex.ª.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Então, são obras que precisam de investimento imediato. Lá naquela região também será construído um centro de apoio ao desenvolvimento econômico; serão construídos dois pavimentos que permitirão a incubação de projetos. Ao que me consta, também serão construídas duas unidades de reciclagem, o que é importante para a geração de trabalho. Não sei se isso tudo foi discutido com a comunidade, pois acho importante que sejam projetos não-antigos, mas que sejam aproveitados para o futuro, em atividades que qualifiquem a mão-de-obra, e não só se ocupe a mão-de-obra não-qualificada. Precisamos qualificar também a mão-de-obra naquela região. A Praça, o Parque Mascarenhas de Morais será melhorado e isso é importante para todos, porque é um parque de grande extensão e que pode servir fortemente à comunidade. Estive também na Vila Tecnológica onde estão sendo feitas obras de infra-estrutura, atrasadas, mas estão ocorrendo. Nós temos outras obras que serão feitas, novas ruas: a Diretriz 600, que vai da Rua Voluntários da Pátria até a Rua Frederico Mentz; haverá também uma ligação, um binário na Av. Farrapos, Av. Ceará e Rua Edu Chaves com a 3.ª Perimetral; também será completada a Rua Frederico Mentz, entre as ruas Graciano Camozzato e a Adelino Ferreira Jardim; a implantação também de mais uma rua: a Diretriz 602, entre a Rua Voluntários da Pátria e a Rua Frederico Mentz e mais três novas ruas que servirão para viabilizar o acesso ao trânsito. Ali também a Av. Dona Teodora, ao que me consta, permitirá o acesso, a ligação Porto Alegre-Canoas, que é uma via auxiliar de acesso à BR-290, formada pelas Avenidas Voluntários da Pátria, Leopoldo Brentano e A.J. Renner, ou seja, aquela região será valorizada. A Av. A.J. Renner será duplicada. O complexo Dona Teodora também será fortalecido. São obras importantes e que toda a Cidade irá pagar por ela. A Prefeitura vai investir 100 milhões de reais de seus recursos. Isso é praticamente 7% ou 8% do seu Orçamento anual. É um valor significativo e ainda terá de pagar o empréstimo dos outros 100 milhões de reais. É bom colocarmos em reais para que todos tenham uma noção do volume do empreendimento.

Tenho certeza, então, de que a Câmara Municipal vai dar este voto de confiança à Administração Municipal. Só lamento que a obra será feita em módulos muito lentos, Ver. Cassiá, porque as necessidades são imensas e urgentes - cinco anos? É muito tempo, dá para fazer em um tempo menor. Acredito que poderemos acelerar.

Lamento alguns panfletos distribuídos lá na região, que falam da pavimentação da Rua Batistino Agneli - eu estive lá -, casualmente na esquina da Rua Celso Jaeger. Lá há um depósito de lixo, e nesse lixão havia um sofá de mais ou menos quatro ou cinco lugares jogado na rua, na esquina da Rua Batistino Agneli com a Rua Celso Jaeger. Então, a rua não estava asfaltada, conforme o panfleto aqui. Eu testemunhei. Isso não pode acontecer. Mas vamos crer no futuro. A Bancada do Partido Progressista Brasileiro acredita no futuro, concorda que deve, sim, investir. Nós precisamos ganhar tempo. Nós precisamos formar e formalizar a dignidade da pessoa humana em que nós, Pedro Américo Leal, Ver. João Antonio Dib, Ver. Beto Moesch, e João Carlos Nedel acreditamos e defendemos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir o PLE n.º 058/02.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, este Projeto, como todos aqui estão acompanhando, é um bom Projeto. E é um Projeto que dispensaria a sua defesa, dada a profundidade que ele carrega. Trata-se de um enclave, e todos conhecemos aquela área, que talvez seja uma das áreas mais precárias da cidade de Porto Alegre. Existem ali situações realmente que depõem contra a saúde pública, Ver. Pedro Américo Leal. Um amplo saneamento naquela área, a erradicação daquelas construções inadequadas à vida humana, fazem-se imprescindíveis. O Ver. João Carlos Nedel tinha uma Emenda, e eu até concordo com ele, eu defendo a propriedade, a propriedade social, a propriedade para todos, mas ela seria inconveniente neste momento, porque poderia criar uma lentidão ao processo, na medida em que o mesmo precisa da aprovação do Senado Federal.

Então, trata-se, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, de um Projeto excelente, e eu sou daqueles que entende que nós temos que nos endividar. Nós temos que pegar dinheiro, porque senão nós vamos passar a vida toda esperando que a poupança interna cresça e não resolvemos os graves problemas que afetam a nossa população ligados a saneamento e habitação.

Eu sou daqueles que acho que temos que buscar dinheiro fora. Evidentemente, também temos que ter a compreensão para a dívida externa, ou seja, não podemos, de repente, buscar dinheiro e depois cair de pau na dívida externa. É bom que se tenha essa compreensão. E é bom também que se diga que o juro cobrado pelas instituições internacionais, no quadro da América, é um juro bastante razoável e que vale a pena, sim, buscar tais recursos, porque eles vêm para serem alocados em áreas fundamentais que são ligadas a saneamento e habitação.

Que bom se pudéssemos nos endividar, não de forma, evidentemente, irresponsável, mas com projetos dessa natureza. Isso é um dinheiro cujo ganho social é muito grande, porque vai trazer condições de habitabilidade, trazer condições ligadas ao saneamento. Por exemplo, quem passa naquela área sabe que há um extremo mau cheiro, vocês que estão aqui e muitos dos moradores sabem disso. Isso é algo desumano, isso tem de ser imediatamente erradicado no sentido de se dar dignidade, cidadania às pessoas, que, com o seu esforço e sua luta, contribuem para o desenvolvimento do País.

Então, fica aqui a nossa manifestação apenas para registrar a importância do Projeto e para dizer da tradição da Casa: a Câmara Municipal de Porto Alegre tem uma tradição independentemente de partido político quando se trata de aprovar projetos que atendam ao verdadeiro interesse da nossa população. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para discutir o PLE n.º 058/02.

 

O SR. RAUL CARRION: Ex.mo Ver. José Fortunati, Presidente desta Casa, demais Vereadores e Vereadoras; lideranças da região Humaitá-Navegantes, que nos abrilhantam com suas presenças aqui acompanhando esta votação, e todos que nos assistem também nas suas casas pela TVCâmara, como disse, logo após a Tribuna Popular, para nós que conhecemos aquela região, profundamente, que palmilhamos, desde o início da década de 80, quando retornamos do exílio a esta Cidade, é uma alegria e uma realização muito grande ver se viabilizando e se concretizando uma profunda transformação na região, através do Programa Integrado Entrada da Cidade.

E aqui o nosso enfoque principal não é o que às vezes a gente escuta: que o favelão enfeia a Cidade. Então, parece que a preocupação é nós embelezarmos. Não é essa. A preocupação nossa, que deve ser, é darmos condições de dignidade para essa imensa população de trabalhadores que constroem a riqueza do País, que constroem as mais belas mansões, mas não têm direito a uma casa digna. E essa injustiça começa a ser sanada.

Eu queria chamar a atenção para que a contratação desse empréstimo externo do total de 137 milhões de reais, sendo metade externa e metade aporte da Prefeitura, com 5 anos de carência e 10 de amortização, ele expressa algo que às vezes não nos chama atenção, que é a saúde financeira do Município, porque é muito fácil simplesmente dizer que se conseguiu um empréstimo. Mas para consegui-lo, foi preciso atingir um nível de saneamento das finanças neste Município que exalta a administração da Frente Popular.

O segundo aspecto, que é esse grande investimento, chama atenção, é a concretização da inversão de prioridades. Segundo: o saneamento financeiro da Prefeitura. E o terceiro elemento: a participação popular, que foi permanente na elaboração deste Projeto.

Perguntava o Ver. João Nedel se havia sido discutido. Eu acompanhei inúmeras audiências públicas, reuniões do conselho de habitação da região e assim por diante, e nós vimos como a comunidade, sem qualquer cooptação, lutou, participou, questionou, exigiu e conquistou, portanto. E para concluir, o quarto elemento desse avanço seria o caráter de uma visão integrada, estratégica, holística; não é um mero programa habitacional, é um programa que trata o aspecto habitacional de infra-estrutura, de saneamento, de lazer, de geração de renda e assim por diante. Portanto, uma grande conquista da comunidade, que está de parabéns e está de parabéns também a nossa Administração!

 

O Sr. Estilac Xavier: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Agradeço o aparte, Ver. Raul Carrion. E na esteira de sua exposição, de que houve plena participação popular no Projeto, eu gostaria, inclusive, de fazer algumas citações de lideranças importantes que participaram, ajudaram, independente do Governo e com a sua autonomia e pluralidade: A Dona Zenaide, da Dona Teodoro; o Sérgio, da Mario Quintana; o Simoni, da Amodati, IAP; a Sheila, da Amoviesp; a Dinamara, da Tecnológica; o Itamar, da A.J. Renner; o Mateus, do Leito da Voluntários, juntamente com a Ana Kaizer; o Otavani, da Nossa Senhora Aparecida; a Evaines, da Nossa Senhora da Paz; o Sr. Pedro, da Santo André; o Sr. Antônio, da Vila dos Papeleiros; o Sr. Adão, da Vila Pampa; a Élida, Conselheira do Orçamento Participativo; a Lurima, do Movimento dos Moradores de Aluguel e a Elizabeti, da Liberdade. São lideranças de população que contribuíram decisivamente para que chegássemos aonde chegamos hoje com este Projeto. (Palmas.)

 

O SR. RAUL CARRION: Perfeito. Eu agradeço. Estão de parabéns todas essas lideranças que, com o seu trabalho diuturno, conquistaram a grande vitória para vocês e para a cidade de Porto Alegre, que se torna uma Cidade mais humana com este Projeto que, certamente, será executado o mais rápido possível! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Em votação nominal o PLE n.º 058/02. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADO por 28 votos SIM.

Visivelmente não há quórum.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 17h39min.)

 

* * * * *